quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Sem mera coincidência, tá ok?

Não! Nada é por acaso, uma mera coincidência. Nada disso. Há uma conexão. Um planejamento que foi posto em pratica aos poucos, passo a passo.

No princípio houve o questionamento sobre as intenções de um professor ao lecionar. Não era o labor de uma de uma profissão. Era uma estratégia de manipulação que visava transformar os jovens em comunistas. Daí o que ensinavam estava recheado de ideologia da maléfica esquerda (sim, eu sei, não sabem om que é ideologia e nem o que é esquerda em termos políticos) em vez do conteúdo educacional. Malditos esquerdistas!

E foi assim que o professor, outrora tido como um herói por atuar numa área desvalorizada pelos pais e pelo governo, se tornou um vilão. De educador passou a ser uma criatura que corrompe o pobre e inocente jovem, além das criancinhas.

O que tivemos foi pais de alunos irem na escola para saber o que o professor ensinava ao seu filho, se era “matéria” ou se era a tal de ideologia. O mal aluno que não fazia nada ou fazia tudo nas coxas virou uma vítima do professor agente da esquerda que o perseguia só por ter uma visão diferente. Frases eram retiradas de contexto, aulas passaram a serem gravadas, alunos faziam perguntas a fim de induzir o mestre a abordar um tema diferente do que leciona só para acusa-lo de fazer o seu trabalho. Houve até quem provocasse o coitado para ele perder a cabeça e depois explorar o triste episódio como se fosse uma prova de que se trata de uma pessoa autoritária que não admite ser questionado.

 Foi aí, meio que do nada, que o alvo não era mais o cambaleado mestre do saber, era o próprio conteúdo. Ele passou a ser considerado fruto de um ponto de vista e não um objeto de estudo baseado em um método científico. Numa péssima compreensão textual sobre a pós-verdade de Nietsche, tudo virou subjetivo. Tudo é uma questão de ponto de vista. Até o formato da Terra passou a ser questionado. Dispensasse fatos, evidências, a realidade em si, tudo é relativo, tudo se tornou uma mera opinião. Assim, não há argumentos válidos, é apenas a sua opinião e nada mais.

É claro que com tanto ataque os teóricos da educação não ficaram de fora. Paulo Freire, o educador renomado mundialmente e queridinho dos professores virou um doutrinador marxista que queria criar pessoas ignorantes, iletradas, anticristã, vândalas, maconheiras e criminosas. Absurdo? Sim! Mas, é que agora tudo é relativo. Daí que um ser que não é especialista em educação, que não lê livros, aliás, que não lê além de uma mensagem de WatsApp, se tornou doutor em educação e passou a impor (afinal, não sabe argumentar) sua visão de como a escola tem que ser o professor tem que se portar.

Nesse emboldrio gerou uma solução mágica ao estilo Gorpo, o “escola sem partido”. A culpa não era de falta de investimento, melhor renumeração dos profissionais a fim de mantê-lo, da falta de uma continuidade no planejamento e de uma política pública. Não! A culpa era do professor comunista subvertido e pervertido do professor que manipula o pobre cândido aluno para se tornar um marginal esquerdista e a solução era proibir ideologias na escola. Uau! Pois é, fica agora mais essa dúvida: o que é ideologia? Não convém aqui analisar o seu sentido etimológico por não ser nele que consiste tal proposta. Por ideologia se compreende tudo aquilo que é crítico a status quo social e que vai de encontro ao que os militontos, digo, militantes do “escola sem partido” acreditam. Não há análise pedagógica, apenas o mais puro “achismo” dentro do que convém. Daí surgiram várias pérolas, como a proibição em alguns municípios da palavra gênero nas aulas. Coitado do gênero alimentício. Ainda quem pregue essa jabuticaba escabrosa que tira a função da escola de proporcionar um ambiente de debate e troca de conhecimentos, considerando o aluno um imbecil incapaz de ser crítico ao que aprende. O mais engraçado é que nos meus vinte anos como professor nunca consegui doutrinar os meus alunos para fazerem bem feito os trabalhos escolares.

Como a tal “escola sem partido” parecia que não iria prosperar, veio o gancho de esquerda, ou melhor, de direita: escola militar. Depois passaram a chama-la de cívico-militar já que apenas impunham a doutrina dos quarteis e não formava um combatente em si. A seu favor os incríveis números que exaltam os ótimos resultados elas existem. Incrível, são boas notas comparadas as demais escolas públicas. Só é preciso levar em conta que há uma seleção para entrar, o que permite que apenas quem apresente um bom desempenho educacional prévio entre. Também é preciso levar em conta que quem não se enquadra em suas regras, que não suprime o seu eu em prol do coletivo, é expulso. Daí o resultado é uma escola limpa, em ordem e com bons resultados acadêmicos. Já quem foi excluído que se dane. E que se dane também a arte, a cultura, a reflexão e tudo aquilo que é essencialmente humano.

Uma vez que as escolas estão comprometidas por causa dos professores esquerdistas que impõe “ideologia” aos jovens em vez de conhecimento (kkkkk), todo o conhecimento que tínhamos até então está comprometido, cheio de ideologias subversivas. Assim o certo se tornou duvidoso. O conhecimento científico se tornou uma mera opinião que depende do ponto de vista. Foi aí que a Terra se tornou plana, a vacina vem com chip, coronavírus é uma arma biológica criada na China para implantar o comunismo internacionalmente, nazismo é de esquerda (mesmo o governo alemão, de direito, afirmar o contrário), Centrão é tudo de bom na política, “rachadinha” não é corrupção e sim contribuição voluntária, ser cristão é pregar o ódio e o porte de armas e outras tantas pérolas que há pouco tempo eram consideradas absurdas.

Então, não vamos nos admirar com tantas Fake News que são assimiladas pela população. É tudo fruto de projeto muito bem elaborado e implementado.

 

Prof. Fábio José

@FiloProfessor

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