sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Diário de sala de aula - Episódio 7



E lá vou eu no meu homérico oficio de lecionar para jovens descompromissados com os estudos. Então, peço um trabalho que consiste na elaboração de uma dissertação sobre a intolerância presente na sociedade brasileiro e como podemos combate-la. Para que não esqueçam, anoto as instruções na lousa.

Mais de vinte minutos se passam e vem a pergunta:

- O que é pra fazer?

Na minha postura de tranquilidade (ou seria cansaço por estar de invólucro escrotal preenchido?) respondo que é o que está anotado na lousa.

O horário da aula se aproxima do fim e recebo uma dissertação (na verdade um texto toscamente escrito cujo o gênero não é bem definido) e vejo que a criatura classificada como aluno transcreveu sobre intolerância religiosa. Respiro fundo e me ponho a explicar para aquela bucólica criatura que ele não fez o que foi pedido. Ignoro, é claro, o fato dele provavelmente ter copiado o primeiro texto que encontrou na internet, numa rápida pesquisa no Google sobre intolerância. Mesmo assim, a criatura bufa, resmunga e ainda ameaça não fazer mais o trabalho (?).

Fico a cá com meus botões a pensar qual é minha. Expliquei, anotei as instruções na lousa, perguntei se alguém tinha alguma dúvida, fiquei a disposição para sanar dúvidas pontuais. Será que minha culpa consiste no fato do aluno não saber pesquisar no Google?

Prof. Fábio José de Oliveira
@FiloProfessor