A esposa de Afrânio, vira e mexe,
aparece com marcas estranhas no corpo. Ontem foi o que parecia ser um hematoma
no pescoço, outro dia foi uma marca semelhante na virilha, já na sua nádega direita
parecia mais uma mordida.
- Não sei o que foi, devo ter
batido e nem percebi - respondeu ela com ar de ingenuidade.
- Essa minha mulher é tão
desastrosa - dizia ele para si mesmo.
Há vezes que ela aparece com os
cabelos úmidos ao chegar do trabalho, sempre em dia que fez de duas a quatro
horas a mais de expediente no trabalho.
- Joguei uma água para me
refrescar - declara ela, com expressão
de indignação de quem estava diante de uma pergunta esdrúxula.
- Sim, claro, afinal, é normal -
pensava ele.
Em casa mal conversa com Afrânio,
fica mais tempo no seu Smartphone a teclar e a sorrir com algo que leu. Ele não
sabe o que tanto a sua esposa conversa, ela fica possessa se ele pega seu
aparelho, mesmo com bloquei por impressão digital.
- Nada de mais - diz brava quando
lhe é perguntado o que tanto conversa hilária.
- Uma amiga – afirma num tom de
normalidade respondendo com quem conversa.
- Acontece, coisa de mulher,
sempre tem assunto para conversar com as amigas - se conformava Afrânio.
Certa vez, Afrânio saiu para
trabalhar no sábado, mas, foi dispensado mais cedo do que tinham lhe avisado.
Não avisou para sua esposa que chegaria mais cedo em casa, quis fazer uma
surpresa. Até passou na padaria antes para comparar os croissants que ela tanto
gosta. Surpresa ao chegar, a porta estava trancada por dentro. Ouviu baralho
dentro da casa, parecia passos rápidos. Chamou duas vezes por sua esposa.
- Já vai! – Respondeu ela.
Depois abriu a porta, com cara
pálida, olhos arregalados, vestindo seu hobby e ofegantemente perguntou:
- Já voltou?
Alegou que dormia, que trancou a
porta por dentro logo que ele saiu, pois, ficou com medo de ficar sozinha. Ele
não lhe perguntou nada, mas, ela fez questão de lhe contar tudo. O estranho
ficou por conta da cueca que ele encontrou embaixo da cama. Jurava que não era
dele, não se lembrava dela, mas, sua esposa garantiu que era e ainda lhe deu um
sermão por deixa-la jogada. Ele ficou envergonhado por sua atitude.
- Nossa, que homem relaxado sou,
como pude dar esta mancada com minha mulher? - Pensou ele numa atitude de
autocrítica.
Afrânio foi convidado por uns
amigos para tomar uma no bar do Zé. Todos companheiros de longa data. Disseram
que queriam muito falar com ele. Lá, depois de um brinde pela amizade, saúde e
felicidade e muitos goles, meio que sem jeito, com dificuldade em começar a
falar, um deles disse: “
- Meu amigo, todos aqui gostam
muito de você, por isto lhe chamamos. Precisamos lhe contar que sua esposa lhe
traí!
Silêncio total. Depois, com a
cara fechada, demonstrando revolta, Afrânio bradou:
- Como assim, cadê as provas?
Quero vê-las!
Porém, não haviam provas, apenas
o testemunho honesto dos seus amigos que a viram no asseando no shopping de
mãos dadas com um homem, aos beijos dentro de um carro parado próximo ao
trabalho dela e até saindo de um Motel. Sempre acompanhada de um homem. Uma
foto dela ao lado de homem foi mostrada. Disseram que o reconheceram como o
mesmo que foi visto com ela nessas situações de flagrante adultério. Balançando
a cabeça em negativa, Afrânio não consegui entender o motivo dos seus amigos
fazerem aquilo, a razão de falar mal da sua esposa.
- Cadê as provas? Que foto
ridícula é essa? Minha mulher ao lado de um homem! Que ridículo, por acaso uma
mulher não pode ter amigo homem? - Questionou raivosamente.
E, assim partiu, sob os olhares
pávidos de seus amigos, os quais ele não mais fazia consideração em tê-los como
tais.
Chegou em casa, chamou pela sua
esposa, ela apareceu e parou diante dele. Então, Afrânio sorriu e lhe disse:
- Amor, trouxe croissant!
Observação: essa é uma obra
meramente fictícia, sem vínculo com a realidade, qualquer semelhança com as
atitudes de bolsonaristas e petistas com seus respectivos ídolos é mera
coincidência.
Prof. Fábio José de Oliveira
@FiloProfessor