quinta-feira, 14 de março de 2019

Afrânio: o marido fiel!



A esposa de Afrânio, vira e mexe, aparece com marcas estranhas no corpo. Ontem foi o que parecia ser um hematoma no pescoço, outro dia foi uma marca semelhante na virilha, já na sua nádega direita parecia mais uma mordida.

- Não sei o que foi, devo ter batido e nem percebi - respondeu ela com ar de ingenuidade.

- Essa minha mulher é tão desastrosa - dizia ele para si mesmo.

Há vezes que ela aparece com os cabelos úmidos ao chegar do trabalho, sempre em dia que fez de duas a quatro horas a mais de expediente no trabalho.

- Joguei uma água para me refrescar -  declara ela, com expressão de indignação de quem estava diante de uma pergunta esdrúxula.

- Sim, claro, afinal, é normal - pensava ele.

Em casa mal conversa com Afrânio, fica mais tempo no seu Smartphone a teclar e a sorrir com algo que leu. Ele não sabe o que tanto a sua esposa conversa, ela fica possessa se ele pega seu aparelho, mesmo com bloquei por impressão digital.

- Nada de mais - diz brava quando lhe é perguntado o que tanto conversa hilária.

- Uma amiga – afirma num tom de normalidade respondendo com quem conversa.

- Acontece, coisa de mulher, sempre tem assunto para conversar com as amigas - se conformava Afrânio. 

Certa vez, Afrânio saiu para trabalhar no sábado, mas, foi dispensado mais cedo do que tinham lhe avisado. Não avisou para sua esposa que chegaria mais cedo em casa, quis fazer uma surpresa. Até passou na padaria antes para comparar os croissants que ela tanto gosta. Surpresa ao chegar, a porta estava trancada por dentro. Ouviu baralho dentro da casa, parecia passos rápidos. Chamou duas vezes por sua esposa.

- Já vai! – Respondeu ela.

Depois abriu a porta, com cara pálida, olhos arregalados, vestindo seu hobby e ofegantemente perguntou:

- Já voltou?

Alegou que dormia, que trancou a porta por dentro logo que ele saiu, pois, ficou com medo de ficar sozinha. Ele não lhe perguntou nada, mas, ela fez questão de lhe contar tudo. O estranho ficou por conta da cueca que ele encontrou embaixo da cama. Jurava que não era dele, não se lembrava dela, mas, sua esposa garantiu que era e ainda lhe deu um sermão por deixa-la jogada. Ele ficou envergonhado por sua atitude.
- Nossa, que homem relaxado sou, como pude dar esta mancada com minha mulher? - Pensou ele numa atitude de autocrítica.   

Afrânio foi convidado por uns amigos para tomar uma no bar do Zé. Todos companheiros de longa data. Disseram que queriam muito falar com ele. Lá, depois de um brinde pela amizade, saúde e felicidade e muitos goles, meio que sem jeito, com dificuldade em começar a falar, um deles disse: “

- Meu amigo, todos aqui gostam muito de você, por isto lhe chamamos. Precisamos lhe contar que sua esposa lhe traí!

Silêncio total. Depois, com a cara fechada, demonstrando revolta, Afrânio bradou:

- Como assim, cadê as provas? Quero vê-las!

Porém, não haviam provas, apenas o testemunho honesto dos seus amigos que a viram no asseando no shopping de mãos dadas com um homem, aos beijos dentro de um carro parado próximo ao trabalho dela e até saindo de um Motel. Sempre acompanhada de um homem. Uma foto dela ao lado de homem foi mostrada. Disseram que o reconheceram como o mesmo que foi visto com ela nessas situações de flagrante adultério. Balançando a cabeça em negativa, Afrânio não consegui entender o motivo dos seus amigos fazerem aquilo, a razão de falar mal da sua esposa.

- Cadê as provas? Que foto ridícula é essa? Minha mulher ao lado de um homem! Que ridículo, por acaso uma mulher não pode ter amigo homem? - Questionou raivosamente.

E, assim partiu, sob os olhares pávidos de seus amigos, os quais ele não mais fazia consideração em tê-los como tais.

Chegou em casa, chamou pela sua esposa, ela apareceu e parou diante dele. Então, Afrânio sorriu e lhe disse:

- Amor, trouxe croissant!


Observação: essa é uma obra meramente fictícia, sem vínculo com a realidade, qualquer semelhança com as atitudes de bolsonaristas e petistas com seus respectivos ídolos é mera coincidência.

Prof. Fábio José de Oliveira

@FiloProfessor

quarta-feira, 6 de março de 2019

A essência da violência



Quando seu filho não lhe obedecer, bata nele e, caso ele continue, bata mais forte. Se ele se machucar ou vier a morrer de tanto ser surrado, não se culpe, afinal, será apenas uma consequência dos atos dele. Afinal, cada um faz seu próprio destino!

Absurdo? Pois é! Mas, em essência, fazer isso com um filho é o mesmo que muitos pregam que seja feito contra criminosos quando dizem “bandido bom é bandido morto” ou penas comemoram quando isso acontece, também quando defende que a polícia faça uma abordagem violente em comunidades subjugadas por traficantes.

Em ambos os casos, uma medida rígida não será a solução ideal. Pelo contrário, assim como um filho pode se revoltar, também haverá revolta contra a truculência policial. Não apenas por parte de criminosos, mas, também pela população sufocada que passará a apoiar o inimigo do meu inimigo, aquele que não chega atirando a esmo.

A criminalidade em terra tupiniquim é fruto do descaso com a educação, meio pelo qual uma pessoa consegue uma boa formação e, consequentemente, um bom emprego que lhe renumero de modo justo. É fruto da humilhação de se viver num lugar sem saneamento básico, com uma polícia ineficiente na prevenção de crimes e na solução dos mesmos, com hospitais e postos de saúde sem estrutura para tratar de uma pessoa num momento em que ela está frágil. É fruto do transporte público caro, desconfortável e superlotado.

Enquanto não focarmos em combater a raiz dos problemas sociais que geram a criminalidade, nunca estaremos realmente seguros, apenas mais violentos numa guerra contra todos.

Prof. Fábio José de Oliveira
@FiloProfessor