1 – O que foi a Semana de Arte Moderna de 1922?
2 – Observe a foto dos participantes da Semana de Arte
Moderna de 1922 e descreva quem é cada um.
3 – Explique a relação da Semana de Arte Moderna de 1922 com
a elite cafeeira paulista.
4 – Por qual razão a Semana de Arte Moderna de 1922 é
considerada um divisor na história artística e cultural brasileira?
5 – Leia o texto abaixo:
Imoral censura: o que se
pode, ou não pode ver no museu
Devagar, lentamente, começaram a
surgir indícios. Esparsos e irrelevantes, não ligámos. Continuaram, tornaram-se
mais frequentes e preocupantes, ficou impossível não lhes darmos importância.
Quando, em 2011, o Museum of Fine
Arts, em Boston, realizou a exposição “Degas and the nude”, em colaboração com o
Musée d’Orsay, o escândalo estalou, face às representações do nu académico lado
a lado com os “brothel monotypes”, estimulando um pendor voyeurista, curioso do
universo íntimo, algo decadente, das prostitutas e dançarinas que enchem as
telas de Degas. Pensámos que seria algo circunscrito à sociedade americana,
tradicionalista e conservadora, que aproveitava para trazer à tona as acusações
de antissemitismo e as suspeições em relação à vida celibatária do pintor.
Desde essa altura, vão surgindo
manifestações contra a exposição do corpo e a sua utilização/representação na
arte. As redes sociais vieram dar uma nova dimensão a esta questão; em
particular, o Facebook tem vindo a aplicar algoritmos para análise do conteúdo
das imagens e identificar os nus, para os censurar, eliminando-os e bloqueando
a pessoa que os disponibilizou.
Tal como após o Renascimento, as
disposições vieram impor o decoro, também agora, depois de a juventude da
década de 1960 ter reivindicado a liberdade de assumir o corpo em todas as
dimensões da sua fisicalidade e de, na década de 1990, a arte ter sido
deliberadamente provocadora, vemos aparecer uma nova mentalidade com
dificuldade em aceitar coisas que há muito (muito antes de 1960) eram tidas
como normais. Como diz Jonathan Jones (2018, 31 jan.), jornalista e crítico de
arte no The Guardian: “Now the tables have turned, and it’s cool to
be appalled by – in this case – art made over a century ago. I can’t pretend to
respect such authoritarianism. It is the just the spectre of an oppressive past
wearing new clothes”.
Em novembro de 2017, o Museu de Arte
de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), inaugurou a exposição “Histórias da Sexualidade”, aguardada com maior
expetativa (e polémica!) depois de em setembro a exposição “Queermuseu:
Cartografias da diferença na arte brasileira”, apresentada no
espaço Santander Cultural, em Porto Alegre, e abordando questões de
género e de diversidade sexual, ter sido cancelada por alegadas ameaças à família
brasileira e na sequência de uma onde de ataques desencadeados nas redes
sociais. Em São Paulo, o MASP primeiro, anunciou a interdição da exposição a
menores de 18 anos, acabando por rever esta posição e permitir a entrada de
crianças e adolescentes, na condição (!) de se fazerem acompanhados pelos
respetivos pais ou responsáveis.
Em dezembro, quando o movimento
#MeToo e o escândalo do abuso e violência sexual exercidos sobre as mulheres de
Hollywood ganhava impacto em todo o mundo, o Metropolitan Musuem of Art, em
Nova Yorque, foi alvo de uma petição para retirar a pintura Thérèse Dreaming (1938),
de Balthus (Balthasar Klossowski), sob a denúncia de o museu promover uma
perturbadora visão romântica sobre a sexualização infantil e incitar a
coisificação das crianças. Balthus, conhecido precisamente pela forma como
captou o universo adolescente nas suas pinturas, retrata, nesta pintura, uma
menina Thérèse Blanchard, com cerca de 12 ou 13 anos, sentada numa cadeira, com
os braços erguidos sobre a cabeça e uma perna levantada, deixando ver a roupa
interior. Na realidade, em 2013, o MET tinha organizado a exposição “Balthus:
Cats and Girls: Paintings and Provocations”, à entrada da qual pôs o seguinte
aviso: “Some of the paintings in this exhibition may be disturbing to some
visitors,’ using this to argue that the Met ‘understand[s] the implications of
displaying his art as a part of their permanent collection.” (cfr. Elkin, 2017,
19 dez.) A petição obteve quase 9000 assinaturas em menos de uma semana, mas
não conseguiu obrigar o museu a retirar a obra.
O mesmo puritanismo alcança a
“civilizada” e liberal Europa. No âmbito das comemorações do Fin-de-siècle
Vienna (vd. Schorske, 2012), foram organizadas exposições sobre a obra
do pintor austríaco Egon Schiele, mas a Grã-Bretanha e a Alemanha recusaram a
respetiva campanha publicitária alegando tratar-se de uma obra pornográfica e
não ser ético expor a nudez integral em espaços públicos; em contrapartida,
decidiram colocar uma banda a cobrir os genitais das figuras, com a
#ToArtItsFreedom e a frase “Sorry, 100 years old but still too daring today”.
Norbert Kettner, chefe do WienTourismus (serviços do turismo vienense),
esclareceu esta opção: “We want to show people just how far ahead of their time
Vienna and its protagonists really were […] And also encourage the audience to
scrutinize how much really has — or hasn’t — changed in terms of openness and
attitudes in society over the times.” (cit. in Bradley, 2017, 10 nov.)
Em finais de janeiro passado, a Manchester Art Gallery retirou
do espaço expositivo a pintura Hylas and the Nymphs (Hilas e
as Ninfas), do pintor pré-Rafaelista John William Waterhouse e datada de 1896,
na qual um grupo de mulheres jovens, nuas, mas submersas num lago de nenúfares,
procura seduzir um homem que se encontra na magem. Embora o afastamento da
pintura parecesse tratar-se de uma resposta ao movimento #MeToo, Clare
Gannaway, curadora da galeria de arte contemporânea rejeita as acusações de
censura, afirmando tratar-se de um projeto-experimental desenvolvido por Sonia Boyce, o qual visa criar o debate em torno da obra de arte e cujos
resultados serão expostos em março:
It wasn’t about denying the existence
of particular artworks. […] For me personally, there is a sense of
embarrassment that we haven’t dealt with it sooner. Our attention has been
elsewhere … we’ve collectively forgotten to look at this space and think about
it properly. We want to do something about it now because we have forgotten
about it for so long. (Gannaway, cit. in Brown, 2018, 31 jan.)
Embora em finais de janeiro ainda não
fosse certo o regresso da pintura ao espaço expositivo – “We think it probably
will return, yes, but hopefully contextualised quite differently” (Id., ibid.)
– certo é que já se encontra novamente em exposição. Mas, a polémica, essa, não
terminou, entre os que receiam estarmos perante um perigoso precedente de
pintura em museus e os que defendem a necessidade de iniciar um debate sério
acerca da presença da massiva representação da mulher, ou do nu feminino, na
arte ocidental, em confronto com a quase ausência de artistas-mulheres nos
museus.
A questão é válida e pertinente. O
que não invalida a perversidade de estar a ser usada como argumento para
justificar um ato de censura, tendo subjacente a arrogância e prepotência de
quem pode decidir o discurso museológico e se atribui o direito de escolher
aquilo que cada um de nós deve ver.
- Assista ao vídeo sobre a Semana de Arte Moderna de 1922.
- Elabora uma DISSERTAÇÃO sobre o
seguinte tema: “A importância da arte para a sociedade e as razões dela causar
revoltas ao questionar os valores sociais”.
Prof. Fábio José
@FiloProfessor
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