quinta-feira, 22 de março de 2012

COLÉGIO DOCTUS - Atividade para a 8ª Série A

- Entregar dia 29 de março.
- Usar metodologia exigida.


Entre a fé e a razão na Europa

Como tivemos a oportunidade de estudar no ano passado, o feudalismo foi o sistema político, social e econômico que vigorou na Europa durante o período histórico conhecido como Idade Média, que se iniciou após a queda do Império Romano do Ocidente, atingiu o auge no século XII e entrou em colapso a partir do século XIII. Esta ultima parte ficou conhecida como Baixa Idade Média e foi nela que se iniciou a transição que levaria ao capitalismo, sistema predominante até hoje.
Temos como marca do sistema feudal a descentralização política (cada senhor feudal governava absolutamente em seu território), a imobilidade social (o servo era ligado a terra de seu senhor, sem direito a abandoná-la), e pela autossuficiência econômica desses territórios (a economia era agrária e voltada apenas para a necessidade do próprio feudo).
O cristianismo, religião que deixou de ser perseguida no Império Romano pelo imperador Constantino e se tornou oficial do mesmo Império em 391, durante o governo de Teodósio, passou, por meio dos seus líderes espirituais, a acumular fortunas e vastos territórios. No século V, a Igreja, instituição que se formou diante do crescimento dessa religião, tinha uma organização hierárquica definida – com padres e sacerdotes na base da pirâmide, bispos logo acima e o papa no topo. Essa organização alastrou o seu poder na Europa, principalmente após a conversão do líder germânico Clóvis, rei dos francos. Os religiosos então se dedicaram em converter os “bárbaros” e a promover a integração dos mesmos com os romanos, fato que lhes deu prestígio e, com isto, funções administrativas nos novos reinos que se formaram sobre o território que um dia foi Roma. Assim, o cristianismo foi professado por todos os feudos.
A religião era utilizada como instrumento de harmonização entre o poder dos nobres e a submissão forçada dos servos, que deveriam acreditar que Deus estabeleceu uma função para cada um nessa vida e que todos que fossem obedientes seriam agraciados com o Paraíso no pós morte. Daí se estabelece um pacto, no qual os nobres recebiam os servos em seus domínios, dando-lhes proteção, e eles trabalhariam em agradecimento e auxílio.
A imagem retrata a divisão social medieval - clero, nobreza e servidão. 
Além de deterem poder político (eram quem garantiam o status quo) e econômico (possuíam seus próprios feudos e recebia donativos dos fiéis), os sacerdotes formavam a elite intelectual, pois sabiam ler e escrever, raridade na época, fato que contribuiu para formarem um monopólio sobre o conhecimento. Tanto que os maiores filósofos medievais são religiosos. Desta forma, por possuírem a cultura escrita e, portanto, terem acesso à Bíblia, os sacerdotes cristãos eram quem transmitiam os ensinamentos religiosos. Faziam principalmente por meio da palavra (também usavam vitrais e afrescos), nos sermões e nas pregações durante os cultos, tornando-se a única fonte de conhecimento.
São Tomas de Aquino foi um dos principais filósofos da Idade Média
O clero medieval foi sem duvida uma nobreza, não apenas por ser composto basicamente por nobres que buscavam nessa instituição obter mais poder, mas também por seus membros não exercerem trabalho braçal, atividade ligada aos servos, e a Igreja ser um dos maiores detentores de terras. O papa até possuía preparo militar, já que chegava a comandar tropas contra nobres que o desafiavam. Alguns até lideraram as Cruzadas, que foram expedições religiosas e militares dos cristãos com destino à Terra Santa (Jerusalém), realizadas entre os séculos XI e XIII.
Além da intensa religiosidade, uma série de motivações esteve por trás das Cruzadas, como o controle das rotas do comércio com o Oriente (até então sobre o domínio do Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino), a conquista de terras (novos feudos que pudessem abrigar nobres desprovidos delas por não serem primogênitos), a possibilidade de fortalecimento do poder dos monarcas feudais (numa grande guerra quem unia os nobres era o rei, símbolo de unidade) e a ampliação do poder da Igreja (seu poder era limitado no oriente pela Igreja Católica Ortodoxa que não reconhecia a autoridade papal).
Como se não bastasse todo esse acumulo de poder nas mãos, as autoridades católicas buscaram ampliá-lo ainda mais. Usava frequentemente para isso o pretexto de um suposto combate à heresia. O símbolo máximo dessa repressão foi a instauração em 1231, dos Tribunais do Santo Ofício, ou Inquisição, pelo Papa Gregório IX, que tinham poderes para julgar e condenar à morte os réus considerados infiéis. Na prática era uma “mordaça” para todos os que discordassem da doutrina da Igreja.

A roda era um dos instrumentos usados pela Inquisição para conseguir a confissão de heresia dos acusados. Para a mentalidade da época, uma pessoa inocente resistiria por obra da graça divina.  


O Renascimento e suas influências

O Renascimento, ou Renascença, é uma “ruptura”, um momento de transição entre a Idade Média e a Moderna. É nele que surge um novo modo de pensar, uma nova atitude perante a vida, com uma abordagem diferente sobre o mundo intelectual e artístico, não mais focada na vontade divina traduzida pela Igreja mais sim numa visão que parte do ser humano.
Essa transição começa no século XII e caminha lentamente num processo de transformação cultural a partir das cidades italianas (centro comercial europeu que aglomerou a população oriunda do campo) e se espalha por toda a Europa. As cidades medievais tornavam-se centros de intensa produção intelectual, oferecendo cursos que abrangem desde o ensino elementar até os altos estudos universitários. O conhecimento se desenvolve em virtude de que a vida urbana requer novas habilidades e conhecimentos, como ler, escrever e calcular, indispensáveis na prática do comércio.
Foi no século XIII que uma alteração da sensibilidade artística começou a se manifestar com a valorização da cultura greco-romana, racionalismo e do naturalismo, o que ameaçou diretamente o controle da Igreja. Toda essa relação com a Antiguidade não era uma nostalgia de um passado distante e sim um desejo de conhecer e ter o poder, a ciência, a arte e a filosofia dos antigos adaptada a nova realidade urbana que se manifestava.
A redescoberta da antiguidade - embora a Idade Média não ignorasse tal período - ocorre século XIV co Petrarca e Boccagio, quando estes iniciaram lentamente o movimento para reconquistar a herança antiga, ao introduzirem na Europa manuscrito de obras ignoradas. Na segunda metade do século XV, formaram-se vários círculos de intelectuais em Roma, apoiados por eclesiásticos, em Florença, apoiados pelos Médici, em Veneza, os quais introduziram vários manuscritos completando o processo de reconquista cultural.
Essa nova cultura que se desenvolvia correspondia às necessidades da burguesia, que era a de se afirmar em uma sociedade dominada pela nobreza e pelo clero. Por esse motivo, ricos comerciantes, denominados mecenas, passaram a patrocinar artistas com a intenção de obterem prestigio político e social no novo ambiente que se formava a partir das cidades. Assim, o Renascimento atingiu seu apogeu no século XV e XVI.
Não podemos nos esquecer que todo processo histórico ocorre lentamente e que com o Renascimento não foi diferente. A transição do mundo medieval para o mundo moderno foi lenta e carregou consigo uma forte herança, a qual teve vida longa em alguns pontos e noutros foi enfraquecida até a exaustão. Dentro desse processo temos:

- Renascimento, que é o desenvolvimento de uma visão de mundo humanista e burguês;

- Reforma Protestante, surgimento de uma Igreja favorável ao pensamento burguês e abalou fortemente o poder centralizador do papa;

- Absolutismo, o poder que antes pertencia a nobreza guerreira passa a ser centralizado nas mãos dos monarcas.

O Humanismo, expressão máxima do Renascimento, é a corrente filosófica que se baseia no antropocentrismo, que considera o ser humano o centro de todas as questões e decisões. Para os humanistas, o ser humano é dotado de uma capacidade quase divina de criar e, ao exercê-la, aproxima-se de Deus. Assim, rejeita fortemente a mentalidade medieval que coloca Deus no centro de tudo e a fé acima da razão. Ao se inspirar em pensadores da Antiguidade Clássica, os humanistas julgavam promoverem um renascimento da cultura.
Outras características fundamentais do Renascimento foram:

- Naturalismo, que é a busca por uma representação da natureza fiel à realidade;

- Racionalismo, valorização da razão, que passa a ser mais considerada como fonte de conhecimento do que a fé;

- Hedonismo, que defende o prazer individual como único bem possível.


O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO RENASCIMENTO

O Renascimento não surgiu da noite para o dia. Houve uma série de fatores que proporcionou sua origem a partir da Baixa Idade Média.
Inicialmente, houve o renascimento comercial, isto é, esta prática econômica, adormecida no sistema agrário de autossuficiencia dos feudos, se espalhou pela Europa, tornando-se irreversível desde a abertura do Mediterrâneo. Isso tudo proporcionou o renascimento urbano, centro de comércio; devemos lembrar que a cultura renascentista foi essencialmente urbana.
Ocorreu também o surgimento e a ascensão dos mercadores, ligados principalmente ao comércio marítimo. Uma outra maneira da burguesia aumentar seu capital era por meio das atividades bancárias. Emprestavam dinheiro a juro. Ou seja, o devedor tinha de devolver ao banqueiro uma quantia maior do que aquela que havia tomado emprestada. Os juros equivalem a uma espécie de aluguel do dinheiro. Os banqueiros acumulam capital graças ao pagamento de juros. Oriundos da classe baixa, esses ricos homens reuniram grandes fortunas que lhes possibilitaram uma centralização de poder que favoreceu a redução do poder da Igreja. 
Petrarca.
Deve-se notar o destaque que o dinheiro estava adquirindo. A terra deixava de ser a única riqueza importante.
O Renascimento desenvolveu-se com maior intensidade na península Itálica, local onde podemos encontrar manifestações em todas as áreas do conhecimento. De maneira geral, esse período histórico pode ser dividido em três períodos:

- Trecento (séc. XIV), foi o período em que se começou a romper com os modelos artísticos da Idade Média. Na pintura, destacou-se Giotto di Bondoni, que representava imagens sacras com forte traço naturalista. Na literatura, os maiores nomes foram Dante Alighieri (Divina Comédia) e Giovani Boccaccio (Decameron). Os três usavam, em vez do latim, identificado com a cultura eclesiástica medieval, o toscano, dialeto que originou o atual italiano;

- Quatrocento (séc. XV), caracterizou-se por intensa produção artística e extrema evolução intelectual. Foi quando, graças ao financiamento dos mecenas, os artístas começaram a deixar de ser encarados como simples artesãos para se tornar profissionais independentes. Entre os artistas que mais se destacaram no período estão Leonardo da Vinci(Mona Lisa e o Homem Vitruviano) e Sandro Botticeli (O Nascimento de Vênus);

- Cinquecento (séc. XVI), nesta época a cidade de Roma substituiu Florença como principal centro de arte na península, e a Igreja Católica tornou-se o grande mecenas do período. Rafael Sanzio (Escola de Atenas, pintada em uma das paredes do Vaticano) e Michelangelo (esculpiu Pietá, Davi e Moisés), dois dos maiores artistas plásticos do Cinquecento, produziam importantes obras para a . Na literatura, sistematizou-se o uso da língua italiana com autores como Ariosto, Torquato Tasso e Maquiavel. Esse último, o mais importante pensador político do período, é o autor de O Princípe, ensaio sobre a arte de bem governar, que defende a falta de escrúpulos, o uso da força e a diminuição da atuação política da Igreja.

É também no século XVI que viveram os grandes cientistas desse periodo: o polonês Nicolau Copérnico, o alemão Johannes Kepler e os italianos Giordano Bruno e Galileu Galilei, todos astrônomos defensores da revolucionária teoria heliocêntrica, que rompeu com supostas verdades da Igreja ao afirmar que o Sol, e não a Terra, seria o centro do universo (visão física aristotélica). Esses pensadores foram os primeiros a utilizar o método cientifico, que consiste em rigorosos testes que pretendem garantir a veracidade das teorias. Essas especulações abriram caminho para novas pesquisas que acabariam escapando ao controle da Igreja. Aos poucos, o método experimental passou a ser o principal meio para se alcançar o saber cientifico.
Acompanhando as rotas comerciais, o Renascimento desembarcou nos mais diversos cantos da Europa. Os Países Baixos destacaram-se na pintura, com Brueghel e os irmãos Hubert e Jan Van Eyck, e na filosofia, com o humanista Erasmo de Roterdã. Na Inglaterra surgiu outro expoente do humanismo, Thomas Morus (Utopia), e um dos maiores dramartugos de todos os tempos, William Shakespeare (Hamlet, Macbeth, Romeu e Julieta). Entre os franceses, os mais notáveis foram os escritores Rabelais (Gargantua e Pantagruel) e Montaigne (Ensaios). A península Ibérica não incorporou completamente os valores renascentistas, mas também produziu célebres escritores no período, como o português Luís de Camões (Os Luisíadas) e o espanhol Miguel de Cervantes (Dom Quixote de La Mancha).

Referências Bibliográficas:

BOULOS Júnior, Alfredo. História: sociedade e cidadania, 7.ano. São Paulo: FTD, 2009.(Coleção História: Sociedade & Cidadania).
PROJETO ARARIBÁ: história/organizadora Editora Moderna; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora responsável Maria Raquel Apolinário. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2007.
Revista Almanaque de História Ano 1 – No.1 Editora On line.




- Transcrever as palavras em negrito para o Caderno de A a Z (não confundir com os link's);

1 - O que significa a palavra Renascimento e por qual motivo ela demonstra um preconceito com a Idade Média?

2 - Monte um texto sobre o renascimento com no máximo 20 linhas que contenha:
* contexto da sua origem;
* o que foi;
* sua origem;
* os principais valores que transmitia;
* principais mudanças que trouxe para a história da humanidade.

3 - Que fatores explica o pioneirismos das idades italianas no Renascimento?

4 - O que é o antropocentrismo?

5 - O que é o humanismo?

6 - Por qual motivo não podemos confundir o antropocentrismo com o humanismo?

7 - Qual a importância da burguesia no Renascimento? 

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