quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Por que vale a pena prestar um concurso público?


Conheça os principais motivos que levam milhares de brasileiros a optarem pelo serviço público

Por Rafa Tayão 


Todos os dias, a mesma coisa: logo cedo, ela batia o ponto no trabalho e dali em diante não sabia mais que horas voltaria para casa. Era chefe de uma equipe, tinha que resolver tudo para ontem e ainda via colegas da empresa serem demitidos por motivos que até hoje não sabe ao certo a razão. Em busca de estabilidade e de uma carga horária mais definida, a jornalista Rachel Bernardes optou pelo concurso público. Seu objetivo foi alcançado em aproximadamente um ano, quando passou para o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) para os cargos de técnico e analista judiciários. 

O caso dessa profissional é só um exemplo do que ocorre todos os anos com milhares de brasileiros que veem no funcionalismo governamental a chance de ter um bom emprego. Mas por que exatamente as pessoas escolhem fazer concursos públicos? Há vagas para todo mundo? Qual o sentido de ser servidor? E será que dá para chegar lá? Confira as respostas para essas questões abaixo.

Por que concurso público?
De acordo com o presidente do grupo Vestcon, Ernani Pimentel, são basicamente cinco motivos que levam as pessoas a prestarem concursos públicos: estabilidade, vencimentos melhores do que na iniciativa privada, a não exigência de experiência anterior na função, benefícios adicionais e status.

A primeira dessas razões, o direito de se manter no cargo mesmo contra a vontade do chefe, fez com que a fonoaudióloga, Caroline Peixoto, buscasse uma vaga no serviço público. Tendo o seu objetivo traçado e pretendendo ser uma profissional da saúde da rede pública, ela não perdeu tempo com seleções que não tinham o seu perfil. Focou os seus estudos durante um ano em tudo o que era cobrado nas provas de Fonoaudiologia.
O resultado? Passou em dois concursos públicos. Detalhe: em um deles, em primeiro lugar. "Optei por iniciar os estudos pelas áreas dentro da Fonoaudiologia que não são da minha área específica. Busquei em referências bibliográficas de concursos passados e então mergulhei em resumos. Em seguida, imprimi muitas provas antigas e dediquei bastante tempo na resolução delas. Dessa forma, acumulei vários resumos ao longo do tempo", explica ela.

Ainda há quem preferira olhar para os rendimentos. "Cargos públicos de nível médio, por exemplo, têm salários iniciais de R$3.500 a R$ 4 mil, sem contar com os benefícios como auxílios creche, odontológico, assistência médica, entre outros. Empregos para esta escolaridade com este salário e tudo mais, praticamente não existem na iniciativa privada"m afirma Pimentel, que é ex-presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac).

E é pela possibilidade de melhorar o seu salário que o administrador, Edvaldo Alves de Oliveira, decidiu se dedicar aos estudos e tentar uma vaga no serviço público. Com 48 anos de idade, ganhando o que considera insuficiente e já visando uma aposentadoria melhor, presta concursos para tentar ter um futuro financeiro mais confortável. Trabalhando das 8h às 18h, ainda arruma algumas horas depois do expediente para se debruçar sobre os livros. "Saio do trabalho e vou para a Biblioteca Nacional estudar. Além disso, também divido o pouco tempo que me resta com vídeo-aulas", relata ele.

As causas que levam as pessoas a participarem dessas seleções não param por aí. Segundo o juiz federal, William Douglas, professor universitário e autor de diversos livros motivacionais relacionados a concursos e ainda a outros temas , a boa relação entre remuneração e tranquilidade é também considerada grande razão para tentar a carreira pública. "Alguns largam a pequena e média empresa em busca da paz. Outro motivo comum é o efeito dominó: os candidatos veem um amigo ou parente que passou e a vida ficou bem melhor, e isso é muito motivador" diz ele.

Vagas confirmadas para 2013 e a real necessidade de pessoal
Segundo Ernani Pimentel, em todo o país, contando com as esferas municipal, estadual e federal, há cerca de 1 milhão de vagas para serem preenchidas em todos os níveis de escolaridade. No ano de 2012, foram previstas 54 mil vagas só no governo Federal e 16 mil delas foram ocupadas. "A deficiência de funcionários é visível. A rigor, o Brasil terá de contratar muita gente", opina o presidente da Vestcon.

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão informa que estão previstas na Lei Orçamentária Anual de 2013, que ainda depende de votação no Congresso no próximo mês de fevereiro, 37.200 vagas a serem preenchidas por meio de concurso público ao longo deste ano, no Poder Executivo Federal. As seleções ainda serão autorizadas conforme cada órgão, por isso não há como antecipar quantitativos por eles. Contudo, o governo tem áreas prioritárias: Educação, Justiça, Saúde, Segurança Pública, Social, Desenvolvimento Econômico, Produtivo e Ambiental; Articulação Governamental e Gestão, Infraestrutura, Regulação, Política Externa e Defesa Nacional. O Planejamento não trata de concursos para outros poderes.

Além disso, outras 3.500 vagas estão reservadas no orçamento para concursos com a finalidade específica de substituição de terceirizados em desacordo com a legislação, mas ainda deverão ser autorizadas.

Como se preparar para os concursos
As dificuldades no meio do caminho sempre surgem e é preciso ter muita força para passar por cima disso tudo. Muitas vezes, são meses e até anos de preparação para chegar lá e as desistências acontecem. Uma causa frequente é que muitas pessoas acham que não são capazes e acabam deixando o projeto da vaga no serviço público de lado, mas William Douglas é enfático e diz que qualquer um que realmente deseja mudar de vida irá conseguir. "Não existe isso de "sou incapaz". O que importa não é de onde você vem, mas para onde está indo; o que importa não é quem a pessoa é, mas quem ela quer ser", diz. "Na verdade, o concurso é um dos lugares onde haverá menos discriminação ao pobre, negro, homossexual, a quem mora longe ou não é "bonito" para o padrão eleito pela sociedade. O objetivo do concurso é saber se você deu a resposta correta e ponto. Isso é uma enorme chance para quem sofre discriminações ou dificuldades", completa.

Quem estuda de qualquer maneira, sem um planejamento adequado à sua própria vida precisa mudar isso para alcançar seus objetivos. Para Caroline Peixoto, estruturar-se é fundamental. "Se realmente quer uma vaga, precisa inicialmente se organizar, descobrir uma metodologia de estudo que se adeque à sua rotina e focar nos estudos", recomenda.
Outros que também que se enrolam e muitas vezes ficam pelo caminho são aqueles que acham que vão passar muito rápido, que não têm firmeza em si mesmos e que estão sem metas. A técnica judiciária, Rachel Bernardes, dá a sua opinião sobre isso. "Considero que a paciência para atingir seu objetivo e a confiança de que vai alcançá-lo, ainda que demore, são essenciais. O concursando tem que ter uma meta de vida, não um sonho. Ele precisa ter organização e se esforçar. Quando é uma meta, você percorre o caminho necessário. O sonho, na minha opinião, fica mais no campo das ideias", acredita.

Se você quer seguir o caminho do servidor público, trace uma meta, acerte o foco e se debruce sobre os livros. Boa sorte!

Disponível em: http://br.financas.yahoo.com/noticias/por-que-vale-pena-prestar-um-concurso-p-132000283--finance.html, acessado em 06 de fevereiro de 2013.

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