segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O Ato e o Ser!

O pior dos atos é o ato de negar o ato, o não ato. Logo, se trata da negação do ato em si. É a atitude de não se ter atitude perante a realidade que nos confronta; o não dizer o que deveria ser tido, o desejo de proferir palavras, mas se calar; o desejar e não agir para se satisfazer, negar o que se quer.

Assim, não somos quem realmente somos, não há coerência entre nossa essência e nossas ações. Rumamos a uma frustração, a uma angustia que coroe o nosso ser, corrompendo a nossa alma, destruindo aos pouco quem somos até haver apenas uma casca vazia, um corpo sem alma.

Sem alma não é possível a existência! Pois alma, cuja etimologia deriva do termo latino animu (ou anima), que significa "o que anima", é fonte da vida de cada organismo, é o ato que define os seres vivos, é o que anima, move, faz agir, assim, é o seu princípio e o fim. Observando os seres viventes, Aristóteles percebeu três singularidades que compõe a alma:  nutrição, desejo e intelecto. O primeiro está presente em todos os seres, os pertencentes ao reino vegetal, assim como o dos fungos, possuem apenas ele. Já o segundo é próprio dos animais não racionais, sejam eles um reles artrópode ou um grande paquiderme, pois estes buscam se saciar, seja para alimentação, seja para reprodução, seja proteção, seja lá para o que for, é o desejo que os move, que os anima, logo, é a sua alma, junto, é claro, com a necessidade de nutrição. Já a terceira é própria dos animais racionais, o que significa que é a nossa característica, o que nos move, afinal, não só fazemos parte desta categoria como somos a única espécie que habita esta esfera a possuir tal capacidade. Assim, somos seres capazes de pensar e por isto somos capazes de tomarmos decisões, de sermos autônomos perante o outro no que se refere as ideias. Dessa forma, nossa alma nos conduz para além das necessidades básicas, nos leva a agir de forma livre.

Ao agirmos livremente, agimos humanamente, afinal, somos as únicas criaturas deste planeta a gozar de liberdade. Um animal não racional age por instinto, levado pela sua alma que lhe conduz a satisfação dos seus desejos. Ser livre é uma atitude racional, de tomar decisão diante de um mundo ao qual o ser está inserido.

Assim, nós, seres racionais, nos construímos a partir de cada decisão que tomamos. Edificamos a nossa essência a cada ato, aprendemos a ser com cada erro. Somos a somo dos nossos erros, acertos, dúvidas... somos o que construímos em cada ato feito.


Por outro lado, nos deixar a mercê do outro, não pensar por si só, negar o ato de pensar, negar nossa autonomia e mergulharmos numa heteronomia, é na sua essência a morte, afinal, nos remete ao não ato! A negação de quem somos.

Prof. Fábio José de Oliveira

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