Já estou na terceira xícara de
café e no quarto cigarro. Entre um gole e outro do meu saboroso elixir de
cafeína e entre uma tragada e outra do meu veneno diário, fico a tentar
entender certas pessoas que se professam ser religiosas, que afirmam
orgulhosamente seguirem uma doutrina de amor, mas agem egoistamente, consideram
que o problema do outro não lhe diz respeito. Onde está o amai uns aos outros?
Apontam e condenam quem lhe é diferente, discorda em pensamento ou
comportamento. Onde fica a moral da parábola do bom samaritano?
Porém, que coerência esperar de
indivíduos que pregam uma religião que alegam ser baseada no amor fraternal,
com um deus que é pai e ama a todos, mas que vivem no medo? Nada pode, se
castram de prazeres! Aliás, entendem o prazer como pecado, algo ruim, digno de
um terrível castigo. Somos seres racionais, um animal capaz de avaliar e tomar
decisões para, assim, fazer escolhas. Mesmo assim não podemos fazer isso, temos
que obedecer cegamente uma doutrina, deixar que uma ideia externa nos comande. Enfim,
somos capazes de sentir prazer mas não podemos, assim como podemos decidir mas
devemos obedecer.
Afinal, somos alguém ou coisa?
A nossa natureza nos dotou de
inteligência, mas na concepção judaica-cristã-islâmica isto não procede. Tanto
que deus proibiu o ser humano primordial de se saciar do fruto do conhecimento,
aquele que concede o dom de fazer escolhas. Pensar por si só é ruim. Nada de
autonomia, apenas heteronímia.
Coitada da cobra falante, ousou
ser aquela que leva o conhecimento ao outro, que busca despertar a pessoa para
sair do fundo da caverna, a fim de deixar de contemplar as sombras para
contemplar a luz da sabedoria que a tudo ilumina. Ser perigoso num mundo
obscuro.
Prof. Fábio José de Oliveira
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