terça-feira, 6 de novembro de 2018

Cenas brasileiras - parte 11



O presidente da República Tupiniquim a partir do dia 1º de janeiro de 2019, o Capitão Jair Messias Bolsonaro (PSL), afirmou em entrevista no dia 5 de novembro que é favorável à gravação de professores por alunos dentro de sala de aula.

Segundo ele “só o mau professor se preocupa com isso daí”, após criticar o ensino de questões relacionadas a minorias e defender o projeto Escola sem Partido, movimento que visa a combater uma suposta “doutrinação ideológica” nas instituições de ensino, a mesma que já foi contestado pela Advocacia-Geral da União (AGU), pelo Ministério Público Federal (MPF) e por inúmeros profissionais da área da educação.

Fico a pensar com meus botões sobre a validade de tal ideia e eis que emerge em minhas memórias que já fui alvo de gravações durante aulas que ministrei. Lembro muito bem do ocorrido. Os alunos se aproximaram cordialmente e me pediram permissão para gravarem a minha aula com o argumento que consideravam mais eficiente estudarem “reescutando” minha explicação sobre o conteúdo abordado. Concordei, pois, acredito que recursos tecnológicos agregam ao processo pedagógico e que todo ato de iniciativa por parte dos alunos em relação aos estudos deve ser incentivado. E, lá estavam eles com o smartphone ligado. Houve vezes que eu o colocava no bolso do meu paletó para melhor registrar o som da minha encantadora e adorável voz.

Porém, isso não faz com que eu seja adepto da ideia de filmar docentes no desempenhar do seu oficio na sala de aula. Afinal, a intenção do que ocorreu comigo era a de aprender e hoje o que temos é um clima cada vez maior de perseguição aos professores. Uma fala desconectada do seu contexto ou um ouvinte não acostumado com a didática desenvolvida pelo profissional são o pretexto para alimentar a caça às bruxas. Sem contar que há o agravante de uma montagem, uma “FakeNews”, que por mais grotesca que possa ser, sempre terá quem acredite piamente e quem a divulgue como um dogma.

Assim, considero que tal proposta não agrega valores ao profissional da educação e nem a didática, é apenas mais uma ferramente de perseguição a nova Geni.
  
Mais um episódio da nossa sociedade boçal, incoerente e hipócrita!

Prof. Fábio José

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