Fico a imaginar a sociedade Tupiniquim, a mesma que elevou as notícias falsas, ou melhor, as "Fake News", a categoria de fonte incontestável da verdade universal e imutável e de grande e iluminada sabedoria humana, convivendo num contexto onde o aluno possui o direito de filmar seus professores.
“Quem não deve não teme” bradam os apoiadores da esdrúxula
proposta, mas, tal argumento é falacioso. Afinal, tivemos uma eleição brindada
com reportagens falsa, mentiras pregadas como verdade, distorções dos fatos e
da realidade, ao ponto de circular vídeos com péssimas montagens, dignos de um
trabalho de Ed Wood, que foram levados a sério, numa afronta a inteligência
humana. Assim, um trabalho de edição ou uma cena fora do seu contexto será mais
que suficiente a mentira se tornar uma falsa verdade que seja conveniente a
alguém ou grupo. O que teremos é uma caça às bruxas contra os educadores da
nossa pátria. Eles serão condenados como Sócrates um dia foi em Atenas,
acusados de “corromperem” a mente dos jovens.
Temo que esse futuro distópico seja cada dia um presente
sombrio. Temo pelo dia que terei medo de dizer o que faço, no que exerço o meu
ofício ou que tenha que ter um repertório de desculpas quando tiver que dizer.
Temo que ao andar pelas ruas eu fique apreensivo que alguém me reconheça e me
agrida.
Paranoia? Depois de ver um vídeo de um aluno que pretendeu filmar seu professor sem autorização e dirigiu a ele com ironias e provocações, de um deputado federal fazer gesto de arma com a mão contra um professor durante um debate público, enquanto um outro, que é filho do presidente eleito e o mais bem votado da História, rindo da cena, além de tantos outros ataques nas redes sociais, chego a infeliz conclusão que a cada dia é apenas a terrível realidade.
Mais um episódio da nossa sociedade boçal, incoerente e hipócrita!
Prof. Fábio José
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