sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Cenas Brasileiras - Parte 13



Ridículo!!! Eis o que penso quando vejo pessoas culparem seus ex-professores pelo fracasso educacional.

A acusação contra o antigo instrutor de saberes é sempre feita de modo leviano, sem demonstrar que sequer houve uma breve reflexão sobre o caso ou demonstrando que o indivíduo transmissor de tamanha verborreia não possui condições cognitivas para tal tarefa. Apenas propagam suas “críticas” nas redes sociais como se fossem verdades absolutas pelo simples fato de terem convicção disso. 

No estado de São Paulo, grande reduto tucano e conservador, onde, nas palavras do advogado, professor e ex-governador Cláudio Lembo, é dominado por uma elite branca, o professor exerce seu ofício com baixa renumeração, sendo obrigado a trabalhar em até três períodos e atua em salas de aula lotadas, nas quais basta um único aluno desinteressado e sem ética para comprometer o aprendizado de todos. 

Parece que os críticos educacionais do Facebook, WhatsApp e Twitter não se lembram quantas vezes o professor foi obrigado a se dedicar mais para conter a bagunça, as gracinhas e outros infortúnios que prejudicavam os interessados em aprenderem ou nunca tiveram tal experiência por terem frequentados colégios particulares onde o professor é um reles “pau mandado” de pais que se sentem no direito de dizer o que tem que ser feito em aula por estarem pagando ou não há indisciplina em razão de pais não permitirem que seus filhos desperdicem seu dinheiro “gasto” com ensino.

Em mais de 15 anos de carreira no magistério, testemunhei muitos jovens professores entrarem na sala de aula cheios de boas intenções, dispostos a serem gentis e a desfilarem sorrisos, excitados com a ideia de desenvolverem projetos educacionais estimulantes. Depois que a aula terminava, voltavam revoltadas com o modo que foram tratados pelos alunos. Alguns até choravam de desgosto ou humilhação. Entre lágrimas e expressão de revolta, exigiam a presença dos pais, sem saberem que dificilmente a presença dos progenitores resolveria algo. Isso quando o responsável pela criança não era um irmão ou irmã mais velho, um tio/tia, avô/avó ou mesmo vizinho. Em geral, o convocado muitas vezes nem aparece e, quando dá o ar de sua graça, defende a criança ou apenas se limita a dize que não sabem o que fazer, jogando a responsabilidade unicamente sobre a escola. 

Afinal, qual é o professor que consegue dar aula mesmo? Ah, sim! Aquele que toma uma postura autoritária perante a sala, que não admite falta de respeito e se impõe. Com o tempo até pode se tornar flexível, “legal”, mas sem perder sua dureza, pois, é ela que manter a ordem e o aprendizado para todos, garantindo o direito a educação para quem deseja. Parece fácil, mas exige muito de uma pessoa fazer isso, tanto que esse ofício figura entre um dos mais desgastante do mundo segundo o site estadunidense Business Insider, com a ajuda do instituto de pesquisas de mercado de trabalho Bureau o Labor Statistic. Imaginemos então aqui na República Tupiniquim. 

Portanto, peço a gentileza de quem se dedicou ou desperdiçou tempo (depende do ponto de vista) a ler este texto, que antes de acusar o professor de ser o responsável pelo desinteresse do aluno ou culpa-lo pelo seu fracasso, colocando no seu ex-professor a culpa de não ter sido um ótimo aluno, que reflita: Você aprendeu ou não com ele? Professores que não foram rígidos, conseguiram trabalhar de forma eficiente sem problemas? Ele algumas vez se negou a lhe ensinar ou a tirar suas dúvidas? Em algum momento se colocou no lugar dele ou o imaginou como seu pai ou mãe passando pela mesma humilhação?

Prof. Fábio José

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