quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

COLÉGIO DOCTUS - Atividade para o 8º Ano/7ª Série A

Entrega dia: 13 de março de 2012.


Usar a metodologia exigida.



Leia a carta:

Carta do Brasil (1549)

“Parece-me cousa mui conveniente mandar Sua Alteza algumas mulheres que lá têm pouco remédio de casamento a estas partes, ainda que fossem erradas, porque casarão todas mui bem, com tanto que não sejam tais que de todo tenham perdido a vergonha a Deus e ao mundo. E digo que todas casarão mui bem, porque é terra muito grossa e larga (…) De maneira que logo as mulheres terão remédio de vida, e os homens [daqui] remediariam suas almas, e facilmente se povoaria a terra”.

Padre Manoel da Nóbrega. “Carta do Brasil”, 1549. Coletânea de Documentos e Textos de História do Brasil Colonial.


1 - Sobre o documento, ele afirma que:

A. ( ) seria conveniente que o rei enviasse mulheres para o Brasil, pois havia poucas no território.
B. ( ) enviando mulheres da Europa, mesmo as de má reputação, seria evitada a miscigenação com as indígenas.
C. ( ) o matrimônio sugerido seria benéfico para os colonos e para as mulheres de “pouco remédio de casamento”.
D. ( ) o casamento entre mulheres portuguesas e colonos ajudaria a povoar a terra e daria “remédio à vida” das indesejadas na Europa.
2 - Justifique a sua escolha elaborando uma explicação com base em fatos históricos referentes a época.
Leia os dois textos:

Texto do Padre Antonio Vieira (1694)

“São pois os ditos índios aqueles que vivendo livres e senhores naturais das suas terras, foram arrancados delas com suma violência e tirania, e trazidos em ferros com as crueldades que o mundo sabe, morrendo natural e violentamente muitos nos caminhos de muitas léguas até chegarem às terras de São Paulo onde os moradores serviam e servem deles como de escravos. Esta é a injustiça, esta é a miséria, isto o estado presente, e isto o que são os índios.”
Texto do Bandeirantes Domingo Jorge Velho
(…) e se ao depois de dominá-los nos servimos deles para as nossas lavouras; nenhuma injustiça lhes fazemos; pois tanto é para os sustentarmos a eles e a seus filhos como a nós e aos nossos; e isto bem longe de os cativar (torná-los escravos), antes se lhes faz hum importante serviço em os ensinar a saberem lavrar, plantar, colher e trabalhar para seu sustento, coisa que antes os brancos lho ensinem, eles não sabem fazer”.
3 - Depois de lermos o documento, podemos afirmar que:
A. ( ) o uso do trabalho indígena é interpretado de formas diferentes pelo religioso e pelo bandeirante. Enquanto o primeiro o vê como injustiça e crueldade, o segundo o vê como serviço prestado, que resulta em aprendizado para os índios.
B. ( ) apesar de proibida, a escravidão indígena era prática corrente em toda a colônia.
C. ( ) tanto a posição do jesuíta como a do bandeirante fazem parte de uma mesma lógica: a da colonização.
D. ( ) os dois textos consideram que apenas a escravidão pode civilizar os indígenas.
4 - Justifique a sua escolha elaborando uma explicação com base em fatos históricos referentes a época.
Leia o texto:
Divertimento Admirável
“É a cidade de São Paulo cabeça da capitania, onde residem os generais e bispos e tem duas comarcas – uma da sua ouvidoria e outra da vila de Paranaguá. Os habitadores da cidade vivem de várias negociações: uns se limitam a negócio mercantil, indo à cidade do Rio de Janeiro buscar as fazendas para nela venderem; outros, da extravagância de seus ofícios; outros vão a Viamão buscar tropas de animais cavalares ou vacuns para venderem, não só aos moradores da mesma cidade e seu continente como também os andantes de Minas Gerais e exercitam o mesmo negócio vindo comprar os animais em São Paulo para os ir vender a Minas, e outros, finalmente, compram alguns efeitos da mesma capitania, como são panos de algodão e açúcar, e vão vender às Minas, labutando nesta forma todos naquilo a que se aplicam.
É a cidade aprazível pelo terreno e saudável pelos ares e não é muito pequena, pois se conhece a sua grandeza pelo número das ruas, cujas são: de São Bento, Direita, de São Francisco, das Casinhas, da Freira, de São Gonçalo, da Sé, das Flores, do Carmo, que é onde está o palácio dos generais, do Rosário, da Quitanda e Nova de Guaçu, todas elas com suas travessas correspondentes, com o defeito, porém, de serem a maior parte das casas térreas e as ruas mal ordenadas e mal calçadas.
Tem vários templos, como são: a Sé, os conventos do Carmo e de São Francisco, São Bento, Santa Teresa, São Pedro, o Colégio que foi dos denominados jesuítas, em que assiste o bispo, o da Misericórdia, de Santo Antônio, Rosário dos Pretos e São Gonçalo dos Pardos, entre os quais tem alguns bem acabados e magníficos, e fora da cidade, em distância de trezentas braças mais ou menos, está o recolhimento da Luz, onde vão os magnatas da cidade e o mais plebeu, por passeio, divertir-se”.
Manoel Cardoso de Abreu, “Divertimento Admirável para os historiadores observarem as máquinas do mundo reconhecidas nos sertões da navegação das minas de Cuiabá e Mato Grosso”. In: CLETO, Marcelino Pereira (org.) Roteiros e Notícias de São Paulo Colonial. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1977, p. 83 - 84
5 - Neste documento, datado de 1783:
A. ( ) indica-se a importância do comércio de animais (muares, gado etc.) na atividade econômica do século XVIII.
B. ( ) a denominação dos templos e conventos (Misericórdia, Rosário dos Pretos) indica o grupo identitário a que seus freqüentadores pertenciam.
C. ( ) São Paulo no século XVIII, bem menor do que hoje em dia, já possuía uma malha urbana com ruas, igrejas e comércio.
D. ( ) já vemos as razões do enorme crescimento da cidade de São Paulo, que a transformou, no século seguinte, na maior malha urbana do país: o comércio com outras regiões do Brasil.
6 - Justifique a sua escolha elaborando uma explicação com base em fatos históricos referentes a época.
7 - Ainda sobre o texto, podemos afirmar que:
A. ( ) São Paulo, no texto descrita com vários detalhes, era no fim do século XVIII muito menor do que Salvador ou Rio de Janeiro.
B. ( ) Cardoso de Abreu nos mostra uma São Paulo com forte presença da Igreja católica.
C. ( ) a cidade possuía um local de diversão que atendia os diferentes grupos sociais, inclusive os escravos.
D. ( ) São Paulo é descrita como “a cabeça da capitania”, não somente por sua riqueza mas por ser local da residência de autoridades militares e religiosas.
8 - Justifique a sua resposta.

Leia o texto Amor à Terra:


[Um] tipo de interpretação floresceu em torno do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), preocupado em estudar e valorizar os processos que levaram à independência do país. Ao cunhar a expressão “revoltas nativistas”, aqueles historiadores pretendiam designar os conflitos coloniais marcados por um incipiente sentimento nacionalista. Mas, ao contrário de outros episódios do gênero – como a Revolta de Beckman, a Guerra dos Mascates (…) e a Revolta de Vila Rica –, a Guerra dos Emboabas apresentava uma dificuldade: qual era, afinal, o grupo social imbuído desse caráter autonomista ou nacionalista? Quem seriam os verdadeiros defensores da causa nacional? A questão ainda dividia a historiografia no século XX: de um lado ficaram os partidários dos paulistas; de outro, os dos emboabas.

(…) a Guerra dos Emboabas não foi, de modo algum, uma revolta nativista. Ponto final. Mesmo se restringirmos o conceito de nativismo à acepção corrente no século XVIII, isto é, de sentimento de amor à pátria, ainda assim a palavra não se aplica ao conflito. Nem paulistas nem emboabas pareciam movidos pela afeição à terra. O aprisionamento do conflito nesse rótulo nativista impediu gerações de historiadores de perceberem que, por trás das divergências entre os dois grupos, o que existia na época era uma cultura política peculiar. (…) Uma política herdeira tanto das doutrinas que no século anterior tinham legitimado a insurreição de Portugal contra o domínio espanhol quanto do conturbado processo de negociação entre os descobridores e a Coroa em torno da exploração das riquezas minerais.

(…) Paulistas e emboabas eram todos igualmente forasteiros numa terra recém-descoberta. Juntos formavam uma multidão de 50 mil pessoas que fervilhavam à beira dos rios e caminhos, nos sertões distantes e inóspitos, e disputavam lado a lado as lavras e datas minerais. E ali, em meio a essa “multidão vaga e tumultuária”, no dizer dos contemporâneos, confluíam valores e concepções políticas forjados em experiências históricas muito diferentes”
Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2025, acessado em 29 de fevereiro de 2012.

9 - De acordo com o texto, podemos afirmar que:
A. ( ) a autora discorda das interpretações históricas clássicas que definem a Guerra dos Emboabas como uma revolta nativista, afirmando que não havia no século XVIII um sentimento de nação brasileira.
B. ( ) segundo a interpretação do IHGB, nas disputas que envolveram paulistas e emboabas, germinava o sentimento nacionalista, sendo possível, portanto, compor uma correspondência histórica entre esse episódio e os movimentos de independência no século seguinte.
C. ( ) os emboabas, assim denominados de forma pejorativa pelos bandeirantes paulistas, eram um grupo heterogêneo de portugueses e brasileiros de diversas regiões, como a Bahia.
D. ( ) o debate proposto pela autora busca pensar o episódio dessa guerra a partir de diferentes características a ele atribuídas.
10 - Justifique a sua escolha elaborando uma explicação com base em fatos históricos referentes a época.

COLÉGIO DOCTUS - Avaliação da apresentação dos alunos do 6º Ano A & B



No intuito de conduzir os alunos para compreenderem como os objetos que nos cercam podem ser ricas fontes históricas, foi proposto para que eles elaborassem uma apresentação sobre um objeto, na qual deveriam falar sobre as características dele, sua história e utilidade.
 
 





 



6º Ano A

Caneta
  • Levaram o objeto a ser apresentado;
  • Houve uma pequena confusão no início da apresentação, por isto é importante ensaiar antes dela;
  • Ao falarem, evitem olhar apenas para uma pessoa (no caso o Professor), a apresentação fica mais dinâmica se olharem para todos;
  • Alguns membros usaram uma folha de papel com o conteúdo a ser apresentado. o resultado foi que, devido ao nervosismo, leram e até se perderam no texto.
Duração da apresentação: 7 min.
Nota: 7,5.

Skate
  • Levaram o objeto a ser apresentado;
  • Alguns membros do grupo ficaram encostados na lousa durante a apresentação, o que demonstra desmotivação;
  • Alguns membros apenas leram, com isto passaram a idéia de falta de preparo. Mas, houve também quem falasse de forma espontânea;
  • Falaram baixo, caso seja uma dificuldade, requerer ao colégio o uso de um microfone;
  • Acrescentaram informações, como dica de como utilizar o objeto estudado, fato que demonstra preparo em relação ao tema;
  • Busquem olhar mais para os colegas durante a apresentação.
Duração: 10 min.
Nota: 7,0.

Macarrão
  • Levaram o objeto a ser apresentado;
  • Durante a apresentação olharam para os colegas, fato que deixa a apresentação mais dinâmica;
  • Alguns membros demonstraram nervosismo, o que é normal;
  • Apresentação muita rápida, não desenvolveram muito o tema.
Duração: 3 min.
Nota: 8,0.

Rapadura
  • Não levaram o objeto sobre o qual fizeram a apresentação;
  • Alguns membros do grupo ficaram encostados na lousa durante a apresentação, o que demonstra desmotivação;
  • Alguns até se apresentaram encostados na lousa;
  • Faram muito baixo, quando isto é uma dificuldade, pode ser pedido o uso de microfone;
  • Quando um dos membros “se perdeu” durante a apresentação, os demais não se mostraram capazes de auxiliá-lo. Isso mostra que o grupo não estava entrosado;
  • Olharam muito para baixo em vez de olharem para os colegas da sala;
  • Discutiram entre si durante a apresentação.
Duração: 7 min.
Nota: 6,0

6º Ano B
Caneta
  • Levaram o objeto sobre o qual fizeram a apresentação;
  • Alguns membros do grupo ficaram encostados na lousa durante a apresentação, o que demonstra desmotivação;
  • Embora a orientação era para que não levassem um texto durante a apresentação, houve quem levou e leu muito baixo;
  • Falaram muito rápido, precisam relaxar mais, falar com calma de modo que os ouvintes possam entender;
  • Houve momento em que um ajudou o outro quando alguém “se perdia” durante a apresentação, demonstrando cooperação e preparo do grupo.
Duração 5 min.
Nota: 7,0

Óculos
  • Não levaram o objeto sobre o qual fizeram a apresentação;
  • Tiveram dificuldade no início da apresentação e não houve colaboração entre os membros;
  • Falaram muito baixo, quando isto é uma dificuldade, pode ser pedido o uso de microfone;
  • Houve quem demonstrou domínio sobre o assunto;
  • Busquem olhar mais para os colegas durante a apresentação.
Duração: 5 min.
Nota: 6,0.

Rapadura
  • Não levaram o objeto sobre o qual fizeram a apresentação;
  • Tiveram dificuldade no início da apresentação e não houve colaboração entre os membros;
  • Interromperam mais de uma vez uns aos outros;
  • Alguns membros do grupo ficaram encostados na lousa durante a apresentação, o que demonstra desmotivação;
  • Conversaram entre si durante a apresentação;
  • Quando um colega “se perdia” durante a fala, não havia colaboração dos demais, fato que demonstra falta de entrosamento;
  • Pararam a apresentação mais de uma vez para discutirem entre si, pois não sabiam a parte que cabia a cada membro.
Duração: 5 min.
Nota: 6,0.

Skate
  • Levaram o objeto sobre o qual fizeram a apresentação;
  • Precisaram usar outro local para a apresentação, quando for assim, avisar antes;
  • Demonstraram domínio sobre o conteúdo;
  • Houve momentos em que um colega ajudou o outro na fala, mostrando que o grupo estava entrosado;
  • Dinamizaram a apresentação no fim.
Duração: 7 min.
Nota: 9,5.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

DOCTUS - Atividade 7º Ano A & B

Entregar a atividade até o dia 15 de março 2012.


1 - Com base no seu conhecimento sobre o reino dos francos, que teve início com a dinastia merovingia e foi até a dinastia carolingia, elabore questões para as respostas apresentadas no diagrama abaixo:




2 - Resolva o diagrama sobre o feudalismo:
  1. Bem de importância concedido em troca de auxílio e fidelidade.
  2. Obrigação de trabalhar de graça para o Senhor feudal em alguns dias por semana.
  3. Nobre na posição de doador do feudo.
  4. Pagamento em produtos referente ao que os servos deviam ao senhor.
  5. Tipo de agricultura desenvolvida pelos servos.
  6. Relação de trabalho que deu origem ao regime de servidão.
  7. Instituição mais poderosa da Idade Média.
  8. Porção de terra reservada ao Senhor Feudal.
  9. Floresta e pastagens utilizadas por todos os habitantes do feudo.
  10. Porção de terras destinadas aos camponeses.

3 - O texto a seguir foi elaborado no século XI por um bispo chamado Alda-Berón de Laon. Leia-o com atenção:

“(...) A casa de Deus, que acreditam uma, está pois dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Estas três partes que coexistem não suportam ser sepa-radas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada um por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto (...)”

Adalberón de Laon. In PEDRERO-SANCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo, Unesp, 2000, p.91.

  • Com base no texto, como está dividida a sociedade feudal?
  • Qual era a relação entre as classes sociais da Idade Média?
  • Com base no contexto histórico medieval, por qual motivo a religião é usada para justificar a divisão social?
  • O texto sugere que os três grupos vivem em harmonia, isto era verdade?

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

DOCTUS - Atividade para a 8ª Série A

Fazer o trabalho de acordo com a metodologia exigida na disciplina de história.


Entregar dia 14 de março de 2012.(data alterada devido ao passeio cultural-pedagógico para o MASP e Museu do Futebol que será no dia 13/2/2012, com supervisão minha e do Professor Sergio) 


1 - A História e a Literatura tem trazido contribuições importantes para compreensão do desenvolvimento das civilizações. Leia o poema Mar Português, de Fernando Pessoa, para responder a questão.

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Esse poema se refere a que fato histórico? Quando ele ocorreu? Por qual motivo ele ocorreu?



2 - No conjunto de importantes viagens e expedições marítimas do século XVI, as quais chamamos de “Grandes Navegações”, nota-se clara preponderância dos países ibéricos. Por qual motivo isso ocorreu? (ressaltar o contexto histórico)




3 - Leia o relato abaixo:


Podemos dar conta boa e certa que em quarenta anos, pela tirania e diabólicas ações dos espanhóis, morreram injustamente mais de doze milhões de pessoas, homens, mulheres e crianças; e verdadeiramente eu creio, e penso não ser absolutamente exagerado, que morreram mais de quinze milhões.
Aqueles que foram de Espanha para esses países (e se tem na conta de cristãos) usaram de duas maneiras gerais e principais para extirpar da face da terra aquelas míseras nações. Uma foi a guerra injusta, cruel, tirânica e sangrenta. Outra foi matar todos aqueles que podiam ainda respirar ou suspirar e pensar em recobrar a liberdade ou subtrair-se aos tormentos que suportam, como fazem todos os Senhores naturais e os homens valorosos e fortes; pois comumente na guerra não deixam viver senão as crianças e as mulheres: e depois oprimem-nos com a mais horrível e áspera servidão a que jamais se tenham submetido homens ou animais. (...)
A causa pela qual os espanhóis destruíram tal infinidade de almas foi unicamente não terem outra finalidade última senão o ouro, para enriquecer em pouco tempo, subindo de um salto a posições que absolutamente não convinham a suas pessoas; enfim, não foi senão sua avareza que causou a perda desses povos, que por serem tão dóceis e tão benignos foram tão fáceis de subjugar; e quando os índios acreditaram encontrar algum acolhimento favorável entre esses bárbaros, viram-se tratados pior que animais e como se fossem menos ainda que o excremento das ruas; e assim morreram, sem Fé e sem Sacramentos, tantos milhões de pessoas. Isso eu posso afirmar como tendo visto e é cousa tão verdadeira que até os tiranos confessam que jamais os índios causaram desprazer algum aos espanhóis, que os consideraram como descidos do céu até o momento em que eles, ou seus vizinhos, provaram os efeitos da tirania.
(...)
Na ilha Espanhola que foi a primeira, como se disse, a que chegaram os espanhóis, começaram as grandes matanças e perdas de gente, tendo os espanhóis começado a tomar as mulheres e filhos dos índios para deles servir-se e usar mal e a comer seus víveres adquiridos por seus suores e trabalhos, não se contentando com o que os índios de bom grado lhes davam, cada qual segundo sua faculdade, a qual é sempre pequena porque estão acostumados a não ter de provisão mais do que necessitam e que obtêm com pouco trabalho. E o que pode bastar durante um mês para três lares de dez pessoas, um espanhol o come ou destrói num só dia. Depois de muitos outros abusos, violências e tormentos a que os submetiam, os índios começaram a perceber que esses homens não podiam ter descido do céu. Alguns escondiam suas carnes, outros suas mulheres e seus filhos e outros fugiam para as montanhas a fim de se afastar dessa Nação. Os espanhóis lhes davam bofetadas, socos e bastonadas e se ingeriam em sua vida até deitar a mão sobre os senhores das cidades. E tudo chegou a tão grande temeridade e dissolução que um capitão espanhol teve a ousadia de violar pela força a mulher do maior rei e senhor de toda esta ilha. Cousa essa que desde esse tempo deu motivo a que os índios procurassem meios para lançar os espanhóis fora de suas terras e se pusessem em armas: mas que armas? São tão fracos e de tão poucos expedientes que suas guerras não são mais que brinquedos de crianças que jogassem com canas ou instrumentos frágeis. Os espanhóis, com seus cavalos, suas espadas e lanças começaram a praticar crueldades estranhas; entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres grávidas e parturientes e lhes abriam o ventre e as faziam em pedaços como se estivessem golpeando cordeiros fechados em seu redil. Faziam apostas sobre quem, de um só golpe de espada, fenderia e abriria um homem pela metade, ou quem, mais habilmente e mais destramente, de um só golpe lhe cortaria a cabeça, ou ainda sobre quem abriria melhor as entranhas de um homem de um só golpe. Arrancavam os filhos dos seios da mãe e lhes esfregavam a cabeça contra os rochedos enquanto que outros os lançavam à água dos córregos rindo e caçoando, e quando estavam na água gritavam: move-te, corpo de tal?! Outros, mais furiosos, passavam mães e filhos a fio de espada. Faziam certas forcas longas e baixas, de modo que os pés tocavam quase a terra, um para cada treze, em honra e reverência de Nosso Senhor e de seus doze Apóstolos (como diziam) e deitando-lhes fogo, queimavam vivos todos os que ali estavam presos. Outros, a quem quiseram deixar vivos, cortaram-lhes as duas mãos e assim os deixavam; diziam: Ide com essas cartas levar as notícias aos que fugiram para as montanhas. Dessa maneira procediam comumente com os nobres e os senhores; faziam certos gradis sobre garfos com um pequeno fogo por baixo a fim de que, lentamente, dando gritos e em tormentos infinitos, rendessem o espírito ao Criador.
Eu vi uma vez quatro ou cinco dos principais senhores torrando-se e queimando-se sobre esses gradis e penso que havia ainda mais dois ou três gradis assim aparelhados; e pois que essas almas expirantes davam grandes gritos que impediam o capitão de dormir, este último ordenou que os estrangulassem; mas o sargento, que era pior que o carrasco que os queimava (...), não quis que fossem estrangulados e ele mesmo lhes atuchou pelotas na boca a fim de que não gritassem, e atiçava o fogo em pessoa até que ficassem torrados inteiramente e a seu bel prazer. Eu vi as cousas acima referidas e um número infinito de outras; e pois que os que podiam fugir ocultavam-se nas montanhas a fim de escapar a esses homens desumanos, despojados de qualquer piedade, ensinavam cães a fazer em pedaços um índio à primeira vista. Esses cães faziam grandes matanças e como por vezes os índios matavam algum, os espanhóis fizeram uma lei entre eles, segundo a qual por um espanhol morto faziam morrer cem índios.

Referência Bibliográfica: LAS CASAS, Frei Bartolomé de. O paraíso destruídoa sangrenta história da conquista da América. Porto Alegre: L&PM, 2001.

  • Transcreva no Caderno Índice (A a Z) as palavras em destaque e o seu respectivo significado.
  • Faça uma pesquisa sobre quem foi o autor do testemunho acima, contendo:
    • nome, data e local de nascimento, breve histórico familiar (quem foram seus pais e o que faziam, se teve irmãos e quem foram e o que faziam);
    •  trajetória de vida (onde estudou, trabalhou em que, o que fez de importante na sua vida);
    • Sua importância para a história da Colonização das Américas; 
    • Data, local e causa da morte.
  • De acordo com o autor, como se deu o contato entre os colonizadores espanhóis com os nativos?
  • O autor menciona no 2º parágrafo "Senhores naturais", dentro do contexto histórico da Idade Média, no que diz respeito a mentalidade da época, quem são essas pessoas e por qual motivo ele as chama assim?
  • Há uma preocupação constante no texto de que os nativos não haviam sido batizados. Por qual motivo o autor manifesta isso?
  • No trecho " homens não podiam ter descido do céu", fica clara a ideia que os nativos americanos faziam dos conquistadores espanhóis. Que ideia era essa e o que a justifica?