Leia a carta:
Carta do Brasil (1549)
“Parece-me cousa mui conveniente mandar Sua Alteza algumas mulheres que lá têm pouco remédio de casamento a estas partes, ainda que fossem erradas, porque casarão todas mui bem, com tanto que não sejam tais que de todo tenham perdido a vergonha a Deus e ao mundo. E digo que todas casarão mui bem, porque é terra muito grossa e larga (…) De maneira que logo as mulheres terão remédio de vida, e os homens [daqui] remediariam suas almas, e facilmente se povoaria a terra”.
Padre Manoel da Nóbrega. “Carta do Brasil”, 1549. Coletânea de Documentos e Textos de História do Brasil Colonial.
1 - Sobre o documento, ele afirma que:
A. ( ) seria conveniente que o rei enviasse mulheres para o Brasil, pois havia poucas no território.
B. ( ) enviando mulheres da Europa, mesmo as de má reputação, seria evitada a miscigenação com as indígenas.
C. ( ) o matrimônio sugerido seria benéfico para os colonos e para as mulheres de “pouco remédio de casamento”.
D. ( ) o casamento entre mulheres portuguesas e colonos ajudaria a povoar a terra e daria “remédio à vida” das indesejadas na Europa.
2 - Justifique a sua escolha elaborando uma explicação com base em fatos históricos referentes a época.
Leia os dois textos:
Texto do Padre Antonio Vieira (1694)
“São pois os ditos índios aqueles que vivendo livres e senhores naturais das suas terras, foram arrancados delas com suma violência e tirania, e trazidos em ferros com as crueldades que o mundo sabe, morrendo natural e violentamente muitos nos caminhos de muitas léguas até chegarem às terras de São Paulo onde os moradores serviam e servem deles como de escravos. Esta é a injustiça, esta é a miséria, isto o estado presente, e isto o que são os índios.”
Texto do Bandeirantes Domingo Jorge Velho
“(…) e se ao depois de dominá-los nos servimos deles para as nossas lavouras; nenhuma injustiça lhes fazemos; pois tanto é para os sustentarmos a eles e a seus filhos como a nós e aos nossos; e isto bem longe de os cativar (torná-los escravos), antes se lhes faz hum importante serviço em os ensinar a saberem lavrar, plantar, colher e trabalhar para seu sustento, coisa que antes os brancos lho ensinem, eles não sabem fazer”.
3 - Depois de lermos o documento, podemos afirmar que:
A. ( ) o uso do trabalho indígena é interpretado de formas diferentes pelo religioso e pelo bandeirante. Enquanto o primeiro o vê como injustiça e crueldade, o segundo o vê como serviço prestado, que resulta em aprendizado para os índios.
B. ( ) apesar de proibida, a escravidão indígena era prática corrente em toda a colônia.
C. ( ) tanto a posição do jesuíta como a do bandeirante fazem parte de uma mesma lógica: a da colonização.
D. ( ) os dois textos consideram que apenas a escravidão pode civilizar os indígenas.
4 - Justifique a sua escolha elaborando uma explicação com base em fatos históricos referentes a época.
Leia o texto:
Divertimento Admirável
“É a cidade de São Paulo cabeça da capitania, onde residem os generais e bispos e tem duas comarcas – uma da sua ouvidoria e outra da vila de Paranaguá. Os habitadores da cidade vivem de várias negociações: uns se limitam a negócio mercantil, indo à cidade do Rio de Janeiro buscar as fazendas para nela venderem; outros, da extravagância de seus ofícios; outros vão a Viamão buscar tropas de animais cavalares ou vacuns para venderem, não só aos moradores da mesma cidade e seu continente como também os andantes de Minas Gerais e exercitam o mesmo negócio vindo comprar os animais em São Paulo para os ir vender a Minas, e outros, finalmente, compram alguns efeitos da mesma capitania, como são panos de algodão e açúcar, e vão vender às Minas, labutando nesta forma todos naquilo a que se aplicam.
É a cidade aprazível pelo terreno e saudável pelos ares e não é muito pequena, pois se conhece a sua grandeza pelo número das ruas, cujas são: de São Bento, Direita, de São Francisco, das Casinhas, da Freira, de São Gonçalo, da Sé, das Flores, do Carmo, que é onde está o palácio dos generais, do Rosário, da Quitanda e Nova de Guaçu, todas elas com suas travessas correspondentes, com o defeito, porém, de serem a maior parte das casas térreas e as ruas mal ordenadas e mal calçadas.
Tem vários templos, como são: a Sé, os conventos do Carmo e de São Francisco, São Bento, Santa Teresa, São Pedro, o Colégio que foi dos denominados jesuítas, em que assiste o bispo, o da Misericórdia, de Santo Antônio, Rosário dos Pretos e São Gonçalo dos Pardos, entre os quais tem alguns bem acabados e magníficos, e fora da cidade, em distância de trezentas braças mais ou menos, está o recolhimento da Luz, onde vão os magnatas da cidade e o mais plebeu, por passeio, divertir-se”.
Manoel Cardoso de Abreu, “Divertimento Admirável para os historiadores observarem as máquinas do mundo reconhecidas nos sertões da navegação das minas de Cuiabá e Mato Grosso”. In: CLETO, Marcelino Pereira (org.) Roteiros e Notícias de São Paulo Colonial. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1977, p. 83 - 84
5 - Neste documento, datado de 1783:
A. ( ) indica-se a importância do comércio de animais (muares, gado etc.) na atividade econômica do século XVIII.
B. ( ) a denominação dos templos e conventos (Misericórdia, Rosário dos Pretos) indica o grupo identitário a que seus freqüentadores pertenciam.
C. ( ) São Paulo no século XVIII, bem menor do que hoje em dia, já possuía uma malha urbana com ruas, igrejas e comércio.
D. ( ) já vemos as razões do enorme crescimento da cidade de São Paulo, que a transformou, no século seguinte, na maior malha urbana do país: o comércio com outras regiões do Brasil.
6 - Justifique a sua escolha elaborando uma explicação com base em fatos históricos referentes a época.
7 - Ainda sobre o texto, podemos afirmar que:
A. ( ) São Paulo, no texto descrita com vários detalhes, era no fim do século XVIII muito menor do que Salvador ou Rio de Janeiro.
B. ( ) Cardoso de Abreu nos mostra uma São Paulo com forte presença da Igreja católica.
C. ( ) a cidade possuía um local de diversão que atendia os diferentes grupos sociais, inclusive os escravos.
D. ( ) São Paulo é descrita como “a cabeça da capitania”, não somente por sua riqueza mas por ser local da residência de autoridades militares e religiosas.
8 - Justifique a sua resposta.
Leia o texto Amor à Terra:
[Um] tipo de interpretação floresceu em torno do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), preocupado em estudar e valorizar os processos que levaram à independência do país. Ao cunhar a expressão “revoltas nativistas”, aqueles historiadores pretendiam designar os conflitos coloniais marcados por um incipiente sentimento nacionalista. Mas, ao contrário de outros episódios do gênero – como a Revolta de Beckman, a Guerra dos Mascates (…) e a Revolta de Vila Rica –, a Guerra dos Emboabas apresentava uma dificuldade: qual era, afinal, o grupo social imbuído desse caráter autonomista ou nacionalista? Quem seriam os verdadeiros defensores da causa nacional? A questão ainda dividia a historiografia no século XX: de um lado ficaram os partidários dos paulistas; de outro, os dos emboabas.
(…) a Guerra dos Emboabas não foi, de modo algum, uma revolta nativista. Ponto final. Mesmo se restringirmos o conceito de nativismo à acepção corrente no século XVIII, isto é, de sentimento de amor à pátria, ainda assim a palavra não se aplica ao conflito. Nem paulistas nem emboabas pareciam movidos pela afeição à terra. O aprisionamento do conflito nesse rótulo nativista impediu gerações de historiadores de perceberem que, por trás das divergências entre os dois grupos, o que existia na época era uma cultura política peculiar. (…) Uma política herdeira tanto das doutrinas que no século anterior tinham legitimado a insurreição de Portugal contra o domínio espanhol quanto do conturbado processo de negociação entre os descobridores e a Coroa em torno da exploração das riquezas minerais.
(…) Paulistas e emboabas eram todos igualmente forasteiros numa terra recém-descoberta. Juntos formavam uma multidão de 50 mil pessoas que fervilhavam à beira dos rios e caminhos, nos sertões distantes e inóspitos, e disputavam lado a lado as lavras e datas minerais. E ali, em meio a essa “multidão vaga e tumultuária”, no dizer dos contemporâneos, confluíam valores e concepções políticas forjados em experiências históricas muito diferentes”
Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2025, acessado em 29 de fevereiro de 2012.
9 - De acordo com o texto, podemos afirmar que:
A. ( ) a autora discorda das interpretações históricas clássicas que definem a Guerra dos Emboabas como uma revolta nativista, afirmando que não havia no século XVIII um sentimento de nação brasileira.
B. ( ) segundo a interpretação do IHGB, nas disputas que envolveram paulistas e emboabas, germinava o sentimento nacionalista, sendo possível, portanto, compor uma correspondência histórica entre esse episódio e os movimentos de independência no século seguinte.
C. ( ) os emboabas, assim denominados de forma pejorativa pelos bandeirantes paulistas, eram um grupo heterogêneo de portugueses e brasileiros de diversas regiões, como a Bahia.
D. ( ) o debate proposto pela autora busca pensar o episódio dessa guerra a partir de diferentes características a ele atribuídas.
10 - Justifique a sua escolha elaborando uma explicação com base em fatos históricos referentes a época.
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