sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

DOCTUS - Atividade para a 8ª Série A

Fazer o trabalho de acordo com a metodologia exigida na disciplina de história.


Entregar dia 14 de março de 2012.(data alterada devido ao passeio cultural-pedagógico para o MASP e Museu do Futebol que será no dia 13/2/2012, com supervisão minha e do Professor Sergio) 


1 - A História e a Literatura tem trazido contribuições importantes para compreensão do desenvolvimento das civilizações. Leia o poema Mar Português, de Fernando Pessoa, para responder a questão.

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Esse poema se refere a que fato histórico? Quando ele ocorreu? Por qual motivo ele ocorreu?



2 - No conjunto de importantes viagens e expedições marítimas do século XVI, as quais chamamos de “Grandes Navegações”, nota-se clara preponderância dos países ibéricos. Por qual motivo isso ocorreu? (ressaltar o contexto histórico)




3 - Leia o relato abaixo:


Podemos dar conta boa e certa que em quarenta anos, pela tirania e diabólicas ações dos espanhóis, morreram injustamente mais de doze milhões de pessoas, homens, mulheres e crianças; e verdadeiramente eu creio, e penso não ser absolutamente exagerado, que morreram mais de quinze milhões.
Aqueles que foram de Espanha para esses países (e se tem na conta de cristãos) usaram de duas maneiras gerais e principais para extirpar da face da terra aquelas míseras nações. Uma foi a guerra injusta, cruel, tirânica e sangrenta. Outra foi matar todos aqueles que podiam ainda respirar ou suspirar e pensar em recobrar a liberdade ou subtrair-se aos tormentos que suportam, como fazem todos os Senhores naturais e os homens valorosos e fortes; pois comumente na guerra não deixam viver senão as crianças e as mulheres: e depois oprimem-nos com a mais horrível e áspera servidão a que jamais se tenham submetido homens ou animais. (...)
A causa pela qual os espanhóis destruíram tal infinidade de almas foi unicamente não terem outra finalidade última senão o ouro, para enriquecer em pouco tempo, subindo de um salto a posições que absolutamente não convinham a suas pessoas; enfim, não foi senão sua avareza que causou a perda desses povos, que por serem tão dóceis e tão benignos foram tão fáceis de subjugar; e quando os índios acreditaram encontrar algum acolhimento favorável entre esses bárbaros, viram-se tratados pior que animais e como se fossem menos ainda que o excremento das ruas; e assim morreram, sem Fé e sem Sacramentos, tantos milhões de pessoas. Isso eu posso afirmar como tendo visto e é cousa tão verdadeira que até os tiranos confessam que jamais os índios causaram desprazer algum aos espanhóis, que os consideraram como descidos do céu até o momento em que eles, ou seus vizinhos, provaram os efeitos da tirania.
(...)
Na ilha Espanhola que foi a primeira, como se disse, a que chegaram os espanhóis, começaram as grandes matanças e perdas de gente, tendo os espanhóis começado a tomar as mulheres e filhos dos índios para deles servir-se e usar mal e a comer seus víveres adquiridos por seus suores e trabalhos, não se contentando com o que os índios de bom grado lhes davam, cada qual segundo sua faculdade, a qual é sempre pequena porque estão acostumados a não ter de provisão mais do que necessitam e que obtêm com pouco trabalho. E o que pode bastar durante um mês para três lares de dez pessoas, um espanhol o come ou destrói num só dia. Depois de muitos outros abusos, violências e tormentos a que os submetiam, os índios começaram a perceber que esses homens não podiam ter descido do céu. Alguns escondiam suas carnes, outros suas mulheres e seus filhos e outros fugiam para as montanhas a fim de se afastar dessa Nação. Os espanhóis lhes davam bofetadas, socos e bastonadas e se ingeriam em sua vida até deitar a mão sobre os senhores das cidades. E tudo chegou a tão grande temeridade e dissolução que um capitão espanhol teve a ousadia de violar pela força a mulher do maior rei e senhor de toda esta ilha. Cousa essa que desde esse tempo deu motivo a que os índios procurassem meios para lançar os espanhóis fora de suas terras e se pusessem em armas: mas que armas? São tão fracos e de tão poucos expedientes que suas guerras não são mais que brinquedos de crianças que jogassem com canas ou instrumentos frágeis. Os espanhóis, com seus cavalos, suas espadas e lanças começaram a praticar crueldades estranhas; entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres grávidas e parturientes e lhes abriam o ventre e as faziam em pedaços como se estivessem golpeando cordeiros fechados em seu redil. Faziam apostas sobre quem, de um só golpe de espada, fenderia e abriria um homem pela metade, ou quem, mais habilmente e mais destramente, de um só golpe lhe cortaria a cabeça, ou ainda sobre quem abriria melhor as entranhas de um homem de um só golpe. Arrancavam os filhos dos seios da mãe e lhes esfregavam a cabeça contra os rochedos enquanto que outros os lançavam à água dos córregos rindo e caçoando, e quando estavam na água gritavam: move-te, corpo de tal?! Outros, mais furiosos, passavam mães e filhos a fio de espada. Faziam certas forcas longas e baixas, de modo que os pés tocavam quase a terra, um para cada treze, em honra e reverência de Nosso Senhor e de seus doze Apóstolos (como diziam) e deitando-lhes fogo, queimavam vivos todos os que ali estavam presos. Outros, a quem quiseram deixar vivos, cortaram-lhes as duas mãos e assim os deixavam; diziam: Ide com essas cartas levar as notícias aos que fugiram para as montanhas. Dessa maneira procediam comumente com os nobres e os senhores; faziam certos gradis sobre garfos com um pequeno fogo por baixo a fim de que, lentamente, dando gritos e em tormentos infinitos, rendessem o espírito ao Criador.
Eu vi uma vez quatro ou cinco dos principais senhores torrando-se e queimando-se sobre esses gradis e penso que havia ainda mais dois ou três gradis assim aparelhados; e pois que essas almas expirantes davam grandes gritos que impediam o capitão de dormir, este último ordenou que os estrangulassem; mas o sargento, que era pior que o carrasco que os queimava (...), não quis que fossem estrangulados e ele mesmo lhes atuchou pelotas na boca a fim de que não gritassem, e atiçava o fogo em pessoa até que ficassem torrados inteiramente e a seu bel prazer. Eu vi as cousas acima referidas e um número infinito de outras; e pois que os que podiam fugir ocultavam-se nas montanhas a fim de escapar a esses homens desumanos, despojados de qualquer piedade, ensinavam cães a fazer em pedaços um índio à primeira vista. Esses cães faziam grandes matanças e como por vezes os índios matavam algum, os espanhóis fizeram uma lei entre eles, segundo a qual por um espanhol morto faziam morrer cem índios.

Referência Bibliográfica: LAS CASAS, Frei Bartolomé de. O paraíso destruídoa sangrenta história da conquista da América. Porto Alegre: L&PM, 2001.

  • Transcreva no Caderno Índice (A a Z) as palavras em destaque e o seu respectivo significado.
  • Faça uma pesquisa sobre quem foi o autor do testemunho acima, contendo:
    • nome, data e local de nascimento, breve histórico familiar (quem foram seus pais e o que faziam, se teve irmãos e quem foram e o que faziam);
    •  trajetória de vida (onde estudou, trabalhou em que, o que fez de importante na sua vida);
    • Sua importância para a história da Colonização das Américas; 
    • Data, local e causa da morte.
  • De acordo com o autor, como se deu o contato entre os colonizadores espanhóis com os nativos?
  • O autor menciona no 2º parágrafo "Senhores naturais", dentro do contexto histórico da Idade Média, no que diz respeito a mentalidade da época, quem são essas pessoas e por qual motivo ele as chama assim?
  • Há uma preocupação constante no texto de que os nativos não haviam sido batizados. Por qual motivo o autor manifesta isso?
  • No trecho " homens não podiam ter descido do céu", fica clara a ideia que os nativos americanos faziam dos conquistadores espanhóis. Que ideia era essa e o que a justifica?

Um comentário:

Anônimo disse...

Não entendi a 2º professor :(