quarta-feira, 15 de março de 2017

Sobre macacos, pipoca e os Joãos que dormem tranquilos

João gosta de ir ao zoológico com a família. No zoológico, João gosta de dar pipoca aos macacos. Ele sempre compra um pacote de pipoca do pipoqueiro que fica com seu carrinho no portão de entrada do zoológico. João não devia dar pipoca aos macacos, pois há uma placa dentro do zoológico alertando que não é para fazer isso. A placa não é direcionada especificamente para João e sim para qualquer um que frequenta o zoológico. João é um frequentador do zoológico, então o alerta da placa também serve para ele. Mesmo assim João dá pipoca aos macacos. Assim como a placa que alerta para não se dar pipoca aos macacos, João também viu a foto, que fica ao lado da placa, de um macaco com os dentes estragados por comer coisas, como pipoca, que os visitantes dão para eles. Mesmo assim João dá pipoca aos macacos toda vez que vai ao zoológico. João não dá a pipoca aos macacos por querer ser um transgressor da lei. Tão pouco João se considera um rebelde. Não, João se considera um cidadão de bem, um homem justo e honesto. João também não dá pipoca para os macacos por considerar que eles passem fome, ele sabe que eles são bem alimentados. Também não dá pipoca aos macacos para prejudicar os dentes deles. João é um homem que não deseja o mal aos animais. O que leva João a dar pipoca aos macacos é o simples fato de considerar que é fofo os bichinhos virem até sua mão pegar a pipoca para comer. João está certo, é fofo mesmo. Por isso João não vê nada demais em dar pipoca aos macacos. Mas João não está a fazer o bem aos macacos, pois vai estragar os dentes deles. Porém, a consciência de João está tranquila, pois não senti que faz um ato malvado ou prejudicial. João é um homem comum, assim como Jair, Marcos, José, Geraldo, Luís, Maria, Ana, Joana e tantos outros. João pode ser qualquer um entre milhões que se julgam uma pessoa de bem, mas que fazem o mal, mesmo sem terem consciência disto. Tais pessoas, assim como João, dormem tranquilas, o sono dos justos, sem a tormenta que prejudicam o outro, seja um macaco no zoológico que sofre com as cáries, sejam pessoas que sofrem com preconceitos, afinal, uma piada, uma brincadeira, uns tapas, uma grosseria, assim como uma pipoca, não faz mal a ninguém.

Prof. Fábio José de Oliveira

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