João gosta de ir ao zoológico com
a família. No zoológico, João gosta de dar pipoca aos macacos. Ele sempre
compra um pacote de pipoca do pipoqueiro que fica com seu carrinho no portão de
entrada do zoológico. João não devia dar pipoca aos macacos, pois há uma placa
dentro do zoológico alertando que não é para fazer isso. A placa não é direcionada
especificamente para João e sim para qualquer um que frequenta o zoológico. João
é um frequentador do zoológico, então o alerta da placa também serve para ele.
Mesmo assim João dá pipoca aos macacos. Assim como a placa que alerta para não
se dar pipoca aos macacos, João também viu a foto, que fica ao lado da placa, de
um macaco com os dentes estragados por comer coisas, como pipoca, que os visitantes
dão para eles. Mesmo assim João dá pipoca aos macacos toda vez que vai ao zoológico.
João não dá a pipoca aos macacos por querer ser um transgressor da lei. Tão
pouco João se considera um rebelde. Não, João se considera um cidadão de bem,
um homem justo e honesto. João também não dá pipoca para os macacos por
considerar que eles passem fome, ele sabe que eles são bem alimentados. Também não
dá pipoca aos macacos para prejudicar os dentes deles. João é um homem que não
deseja o mal aos animais. O que leva João a dar pipoca aos macacos é o simples
fato de considerar que é fofo os bichinhos virem até sua mão pegar a pipoca
para comer. João está certo, é fofo mesmo. Por isso João não vê nada demais em
dar pipoca aos macacos. Mas João não está a fazer o bem aos macacos, pois vai
estragar os dentes deles. Porém, a consciência de João está tranquila, pois não
senti que faz um ato malvado ou prejudicial. João é um homem comum, assim como
Jair, Marcos, José, Geraldo, Luís, Maria, Ana, Joana e tantos outros. João pode
ser qualquer um entre milhões que se julgam uma pessoa de bem, mas que fazem o
mal, mesmo sem terem consciência disto. Tais pessoas, assim como João, dormem
tranquilas, o sono dos justos, sem a tormenta que prejudicam o outro, seja um
macaco no zoológico que sofre com as cáries, sejam pessoas que sofrem com
preconceitos, afinal, uma piada, uma brincadeira, uns tapas, uma grosseria, assim como uma
pipoca, não faz mal a ninguém.
Prof. Fábio José de Oliveira
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