terça-feira, 31 de outubro de 2017

Cenas brasileiras - parte 6


Não há problema de se posicionar de um lado ou de outro na política ou levantar esta, essa ou aquela bandeira. A realidade é sempre vista a partir da visão do observador e este a vê de acordo com suas ideias. Uma vez que a democracia garante a coexistência de ideias diferentes e não a ditadura da maioria, não há problema algum nisso. Aliás, são as diferenças que fomentam um debate construtivo. É na oposição de uma ideia que reafirmamos a nossa com argumentos mais sólidos ou mudamos de opinião perante o exposto.

Porém, ao passarmos as vistas na sociedade brasileira, podemos observar que temos em nossa sociedade direitistas que desconhecem o pensamento de Adam Smith, que nunca leram ou ouviram falar de Ayn Rand, só estudaram os governos Reagan ou Thatcher no Ensino Médio e desconhecem o que é o Consenso de Washington; também há os esquerdista que nunca leram o Manifesto Comunista de Marx e Engels ou alguma obra de Rosa de Luxemburgo ou Trotsky; temos aquelas que mostram os peitos e bradam ser feministas sem nunca ter lido Simone de Beauvoir ou Michel Foucault; palpiteiros sobre educação que criticam Paulo Freire sem conhecer sua proposta educacional; em cada canto um crítico de arte que nunca entrou num museu, a não ser nas excursões da escola, que não sabe que estética é um termo filosófico e jamais leu Adorno ou Humberto Eco. Traduzindo, temos uma sociedade onde não há posição ideológica e sim associação em torno de modinhas.


Cômico, no mínimo, ver que as posições políticas dos cidadãos da República Tupiniquim são baseadas em conveniência, achismo ou mesmo imagens com frases legais nas redes sociais. 

Prof. Fábio José

2 comentários:

Henrique disse...

Você determina que uma conclusão é "modinha" com base em que obras a pessoa leu sobre o assunto? Isso é suficiente?

Prof. Fábio José disse...

A questão meu caro Henrique Souza é ter base para poder ter um conhecimento válido. As obras que eu citei são básicas dentro das doutrinas mencionadas e muitos que se dizem seguidores delas muitas vezes nem ouviu falar. Vivemos numa sociedade do ouvi dizer, o que gera achismo e não conhecimento em si, daí tantos estremos, tanta intolerância.É como o garoto que quer ser roqueiro e já sai usando roupa preta e pregando devoção ao demônio, simplesmente por ter dito a impressão de que é assim.