Dá o horário e lá vai o educador em sua rotina de Sísifo.
Entra na sala, coloca seu material sobre a mesa, apaga a lousa (pelo menos este
é o correto de acordo com a didática e a realidade, pois os alunos simplesmente
saem da sala na troca de aula e este ato se torna um tempo para o retorno deles
sem o professor ter que ficar na porta chamando-os). Há também a possibilidade
de não ter apagador, fato que o obriga a ir em sala em sala procurar um ou
mandar um aluno, a exemplo de Moises se sua bomba branca em busca de um lugar
seco. Então o mestre se senta na cadeira junto a mesa e inicia a chamada.
Uns fazem a chamada pronunciando o número do aluno na sala
de aula, os de inglês dizem os números em inglês com o intuito deles aprenderem
a contar em inglês. Mas sempre há os que apenas decorram quem responde antes
dele para saber hora de dizer “presente” sem ter que decorar bulhufas nenhuma
em inglês. Eu prefiro fazer a chamada
dizendo o nome de cada um. Considero, na minha opinião e não julgando quem faz,
que trocar um nome por um número é massificar o aluno, relevá-lo ao status de
coisa e não de alguém. Afinal, um nome não é apenas uma palavra, um substantivo
próprio. Ele remete a quem a pessoa é, sua história e autenticidade. Um por um
vou chamando-os, anotando quem está presente com um “c” de compareceu e quem
está ausente com um “f” de faltou.
Mas – oh dura e cruel realidade – vem o aluno e avacalha com
tudo. A criatura, durante a minha humanística chamada:
1 – Há o que quer responder por todos, diz quem está
presente e ausente, me atrapalhando, pois tenho ter certeza, além de ser
responsabilidade do aluno de prestar atenção e responder.
2 – Há o que fica concentrado até responder, depois se põe a
conversar, atrapalhando os demais a me ouvirem chamar o nome.
3 – Há o que deixa passar e depois responde e ainda vai até
perto de mim conferir se ficou com presença, verificando que está com falta,
fica a reclamar, alegando que respondeu e eu é quem deixou de registrar. E como
diabos ele sabia que eu não ouvi? Incrível, prefere criar uma teoria da
conspiração de um professor que quer dar falta a admitir que não teve
responsabilidade de prestar atenção.
Prof. Fábio José
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