quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Cenas brasileiras - parte 9


A educação em terra tupiniquim está tão desvalorizada que qualquer um se sente doutor em educação e vê o professor como um péssimo profissional que nada sabe. Daí o contingente de críticos educacionais que querem se impor aos verdadeiros, formados e experientes profissionais do ramo

Vira e mexe os bons cidadãos de bem, doutores em educação certificados no achismo e defensores da moral e dos bons costumes da família tradicional brasileira (a qual nem o IBGE e nem os historiadores conseguem identificar), bradam a defesa da escola sem partido.

Lutam contra os nefastos professores marxistas que infestam as escolas públicas com ideias esquerdistas a favor do PT, PC do B, MST, CUT, que ser viado é ser legal, que criança tem o direito de escolher se quer ser menino ou menina, que bandido pobre é apenas uma vítima da sociedade, que os programas sociais que sustentam vagabundos e as cotas para os pretos são políticas boas e justas e que toda a desgraça social é oriunda dos ricos.


Porém, essas pessoas são em geral adultos que não possuem filho; cidadãos alienados que nem fazem ideia do que a proposta significa em si, apenas querem uma solução fácil, rápida e mágica para os problemas sociais; políticos oportunistas que não se preocupam com o bem público e sim em vantagens eleitorais; pais que não abrem o caderno do filho para verificar se está em dia com a lição e nem o ajuda a estudar, que fazem da escola depósito de crianças e jovens e se desesperam com férias escolares por não saberem o que fazer com a cria, que não colocam limites no filho e culpa a escola não conseguir educa-lo ou se eximem de culpa pelo abandono afetivo o defendendo contra qualquer reclamação ou crítica que o professor possa fazer. Isso quando não tem o filho estudando num colégio particular, o qual não é alvo da proposta.


O mais engraçado é que a proposta de escola sem partido é focada nas escolas públicas e não nas particulares. A graça consiste no fato que instituições de ensino particulares agem de acordo com o mercado, cobram de acordo com a qualidade que oferecem, daí devem apresentar bons índices de aprovação em vestibulares, vestibulinhos e até mesmo no ENEM para serem valorizadas. Para tanto, se faz necessário que seu aluno seja crítico, capaz de fazer reflexões, de construir argumentos válidos e o único caminho para se conseguir tal façanha ´é justamente fomentando o espírito crítico. Daí não há espaço para uma escola que veta a criticidade de um aluno.

Mais um episódio da nossa sociedade boçal, incoerente e hipócrita!

Prof. Fábio José

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