quinta-feira, 7 de junho de 2018

Cenas brasileiras - parte 10



   Não sei o que houve, só sei que de repente, de maneira sorrateira, quase desapercebida, o discurso de ódio ganhou palanque, holofote, microfone, photoshop, coreografia, trilha sonora, make off, conta no Facebook e no Twitter e até título de “liberdade de expressão”.

   Eis aí uma curiosidade que me chama a atenção: desde quando liberdade é o mesmo que ofender o outro na sua dignidade? O princípio defendido pelo filósofo inglês Herbert Spencer "A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro” indica que a verdadeira liberdade respeita o próximo e o seus direitos.

   O engraçado (não que eu ache graça, mas assim digo num sentido de ironia) é que não há um foco. É o ódio pelo ódio. A ideia que o outro apresenta não precisa ser contrária ou desagradar, apenas basta existir para ser alvo de ataque. Não há diálogo, pois este implica uma ação conjunta entre, pelo menos, dois interlocutores. O que há é o simples discurso onde um fala e outro apenas ouve. Mas não há uma concordância disso, quem fala quer impor o discurso, quer que o outro o ouça passivamente e concorde com ele ou apenas se cale, já o outro, muitas vezes, faz o mesmo. Pior, o discurso é inflado de ódio, preconceito, ataque pessoal, um verdadeiro vale tudo de baixaria, sem critério ético ou moral. Não há uma ideia apresentada, um argumento válido.

  Qual o sentido disso? No que tal atitude vil acrescente para o bem da sociedade?

  Mais um episódio da nossa sociedade boçal, incoerente e hipócrita!


Prof. Fábio José

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