Não sei o que houve, só sei que de repente, de maneira
sorrateira, quase desapercebida, o discurso de ódio ganhou palanque, holofote,
microfone, photoshop, coreografia,
trilha sonora, make off, conta no
Facebook e no Twitter e até título de “liberdade de expressão”.
Eis aí uma curiosidade que me chama a atenção: desde quando
liberdade é o mesmo que ofender o outro na sua dignidade? O princípio defendido
pelo filósofo inglês Herbert Spencer "A liberdade de cada um termina onde
começa a liberdade do outro” indica que a verdadeira liberdade respeita o
próximo e o seus direitos.
O engraçado (não que eu ache graça, mas assim digo num
sentido de ironia) é que não há um foco. É o ódio pelo ódio. A ideia que o
outro apresenta não precisa ser contrária ou desagradar, apenas basta existir
para ser alvo de ataque. Não há diálogo, pois este implica uma ação conjunta
entre, pelo menos, dois interlocutores. O que há é o simples discurso onde um
fala e outro apenas ouve. Mas não há uma concordância disso, quem fala quer
impor o discurso, quer que o outro o ouça passivamente e concorde com ele ou
apenas se cale, já o outro, muitas vezes, faz o mesmo. Pior, o discurso é
inflado de ódio, preconceito, ataque pessoal, um verdadeiro vale tudo de
baixaria, sem critério ético ou moral. Não há uma ideia apresentada, um
argumento válido.
Qual o sentido disso? No que tal atitude vil acrescente para
o bem da sociedade?
Mais um episódio da nossa sociedade boçal, incoerente e
hipócrita!
Prof. Fábio José
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