terça-feira, 12 de junho de 2018

Professor: de herói a vilão.


Parte 1



   
    
   Houve um tempo que o profissional da educação era louvado por seu heroísmo em ensinar as futuras gerações, uma pedra fundamental na construção de uma sociedade mais humana e progressista, mas nos dias de hoje é visto como um vagabundo molestador do conhecimento das crianças e dos jovens.

   O problema educacional da pátria tupiniquim deixou de ser de políticas públicas que não valorizam o professor e nem garantem recursos para as escolas e a falta de uma política educacional eficiente. Agora o problema é unicamente o professor. Criatura vista como um comunista da velha guarda que prega um discurso de ódio contra as virtudes e os bons costumes da sociedade e deseja apenas o caos.

   Vasculhando as redes sociais é notória e interpretação do grande público de que todo o mal que há na Terra passou a ser culpa do professor. Ao menos na nação abaixo da linha do equador que tem o Cristo de braços abertos para sair bem nos cartões postais e nas selfies. Ladrões e traficantes? Culpa dos professores que não ensinaram eles direito e por isto se tornaram criminosos, pior, ainda os defendem nas aulas pregando direitos e respeitos, sem levar em conta os direitos das vítimas. Corrupção? Não culpem os políticos, culpem os professores que induzem os jovens a votarem em pilantras que só querem usurpar a nossa pátria. Depredação do patrimônio público? São os professores que dizem que os jovens devem ter liberdade de expressão e de se manifestarem, daí acham que arruaça é liberdade. Os filhos não respeitam mais os pais? Lógico, os professores reprimem quem reprime as crianças e os jovens e ainda os incentivam a contestar o que não concordam. Em breve, se um avião cair, também vão culpar o professor, acusando-o de não ter ensinado direito aos engenheiros quando estes foram seus alunos. E, assim será com os erros médicos, Smartphone que trava e o carro do ovo quando não passar.

   Chega a ser engraçada tal visão, afinal, se trata de um profissional formado, com experiência (em geral ele já atua desde que entra na faculdade), cuja a maioria se atualiza constantemente, seja por cursos ou por leitura, e atua fortemente por profissionalismo. Sim, está escrito corretamente, não é amor e sim isso mesmo. Dizer que sua atuação ocorre pelo nobre sentimento não é valorização e sim menosprezo aos seus direitos por afirmar que fazem por amor e por isto deve fazer tudo de forma gratuita e espontâneo. Ele é um profissional e se dedica ao trabalho por isso. Tem consciência da importância do que faz e essa é a razão pela qual insiste em dar o melhor de si apesar das diversidades. E, como tal, deve ter a justa renumeração, que atenta suas necessidades de acesso a cursos, livros, instituições culturais, além de moradia, alimentação, vestimenta e diversão. Mas, o que temos é um salário baixo visto pelo governo como gasto. Resultado: assumir o máximo de aulas que der, sacrificando seu tempo de lazer e descanso para se manter vivo.

   Enquanto a sociedade não alterar a sua visão em relação ao educador,em breve, de vilão ele passará a ser apenas um párea. 


Prof. Fábio José.

   

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