Parte 1
Houve um tempo que o profissional da educação era louvado por
seu heroísmo em ensinar as futuras gerações, uma pedra fundamental na
construção de uma sociedade mais humana e progressista, mas nos dias de hoje é
visto como um vagabundo molestador do conhecimento das crianças e dos jovens.
O problema educacional da pátria tupiniquim deixou de ser de políticas
públicas que não valorizam o professor e nem garantem recursos para as escolas
e a falta de uma política educacional eficiente. Agora o problema é unicamente
o professor. Criatura vista como um comunista da velha guarda que prega um
discurso de ódio contra as virtudes e os bons costumes da sociedade e deseja
apenas o caos.
Vasculhando as redes sociais é notória e interpretação do
grande público de que todo o mal que há na Terra passou a ser culpa do
professor. Ao menos na nação abaixo da linha do equador que tem o Cristo de
braços abertos para sair bem nos cartões postais e nas selfies. Ladrões e traficantes? Culpa dos professores que não
ensinaram eles direito e por isto se tornaram criminosos, pior, ainda os defendem
nas aulas pregando direitos e respeitos, sem levar em conta os direitos das
vítimas. Corrupção? Não culpem os políticos, culpem os professores que induzem
os jovens a votarem em pilantras que só querem usurpar a nossa pátria. Depredação
do patrimônio público? São os professores que dizem que os jovens devem ter
liberdade de expressão e de se manifestarem, daí acham que arruaça é liberdade.
Os filhos não respeitam mais os pais? Lógico, os professores reprimem quem
reprime as crianças e os jovens e ainda os incentivam a contestar o que não
concordam. Em breve, se um avião cair, também vão culpar o professor,
acusando-o de não ter ensinado direito aos engenheiros quando estes foram seus
alunos. E, assim será com os erros médicos, Smartphone que trava e o carro do
ovo quando não passar.
Chega a ser engraçada tal visão, afinal, se trata de um
profissional formado, com experiência (em geral ele já atua desde que entra na
faculdade), cuja a maioria se atualiza constantemente, seja por cursos ou por
leitura, e atua fortemente por profissionalismo. Sim, está escrito
corretamente, não é amor e sim isso mesmo. Dizer que sua atuação ocorre pelo
nobre sentimento não é valorização e sim menosprezo aos seus direitos por
afirmar que fazem por amor e por isto deve fazer tudo de forma gratuita e espontâneo.
Ele é um profissional e se dedica ao trabalho por isso. Tem consciência da importância
do que faz e essa é a razão pela qual insiste em dar o melhor de si apesar das
diversidades. E, como tal, deve ter a justa renumeração, que atenta suas necessidades
de acesso a cursos, livros, instituições culturais, além de moradia,
alimentação, vestimenta e diversão. Mas, o que temos é um salário baixo visto
pelo governo como gasto. Resultado: assumir o máximo de aulas que der,
sacrificando seu tempo de lazer e descanso para se manter vivo.
Enquanto a sociedade não alterar a sua visão em relação ao educador,em breve, de vilão ele passará a ser apenas um párea.
Prof. Fábio José.
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