terça-feira, 19 de junho de 2018

Entre o trabalho e a profissão


   


   Sísifo é um personagem da mitologia grega, um homem condenado a rolar para o alto de uma montanha uma enorme rocha. O árduo trabalho lhe consome um dia inteiro. No fim, quando a carrega até o topo, ela rola para baixo, o obrigando a reiniciar a sua jornada no dia seguinte e assim vai, dia após dia numa interminável agonia de um ato que nunca se consome, apenas lhe exige mais.

   Esse mito nos transmite o que é o trabalho para o grego, um pesado fardo. Me apodero dessa história para refletir sobre a questão do trabalho nos idos atuais.

   O trabalho em si não é uma prisão com castigos constantes. Tudo depende de quem o exerce. Quando, a exemplo do herói errante, ele é imposto, sim, é um pesado fardo. Mas quando é fruto da livre escolha se torna a extensão de nós.

   Deixa o Tio Filó explicar melhor, quando não se tem uma profissão, a qual exige estudo (formal ou informal), dedicação e afinidade, a pessoa deve se contentar com o que aparece em termos de emprego. Não faz escolhas, apenas se agarra as oportunidades. É aquele sujeito que hoje é porteiro, amanhã é faxineiro, depois auxiliar de escritório, telefonista, garçom e motorista do UBER. Esse tipo de pessoa não exerce a sua liberdade de escolha, ou aceita ou vai ficar desempregado. E, a liberdade, é uma caraterística da nossa humanidade, pois somente um ser com consciência, o que exige racionalidade, é capaz de ter e exerce-la.

   Um pássaro no céu é bonito de se ver e até pode simbolizar a liberdade. Mas o pássaro, como animal irracional, não faz escolhas, não voa para onde der na telha. Ele segue seus instintos em busca de comida, morada e acasalamento. Ser livre é fazer escolhas por si só, de forma autônoma e não heteronômica, o que implica em pensar pela razão, sabendo, assim, avaliar as situações e suas consequência. Tomando como rumo o que demonstra ser o melhor caminho. Para isso se faz necessário ter conhecimento.

   Eis o que é profissão. É uma escolha voluntária do sujeito, o qual, por meio do conhecimento, se identificou com uma área de conhecimento e sua vontade natural de aprender fez com que se aprofundasse nela. Ele vai querer saber sempre mais e, assim, se tornará constantemente um aprendiz, o que lhe sempre o tornará apito naquilo que escolheu exercer.

   Ter uma profissão é, portanto, mais que um trabalho em troca de salário, é uma realização pessoa e exploração da capacidade humana do sujeito. Por isso ele será feliz no que faz, independente da valorização social que tiver o ofício.

Prof. Fábio José

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